quinta-feira, 25 de agosto de 2016

ORAÇÕES COMPLETIVAS NOMINAIS E APOSITIVAS

AS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS LATINAS 1) completivas nominais e 2) apositivas são aquelas que:

1. completam o sentido de um nome que pertence à oração principal. - Em português esta espécie oracional vem introduzida por um conectivo preposicional o que, muitas vezes, a faz ser confundida com a oração objetiva indireta, que também necessita de preposição.

2. exerce a função de aposto, ou seja, de um termo que se junta a um substantivo da oração principal para explicá-lo ou esclarecê-lo.

Vejamos alguns exemplos de ambas:

COMPLETIVAS NOMINAIS:

a) Perterriti TIMORE ne supplicio adficerentur = aterrados PELO TEMOR de que fossem condenados ao suplício.

A subordinada ne supplicio adficerentur completa o sentido do substantivo timore, portanto, é uma substantiva completiva nominal.


b) Neque abest SUSPICIO quin ipse sibi mortem consciverit = nem está afasta a SUSPEITA de que ele próprio tenha se suicidado.

A subordinada quin ipse sibi mortem consciverit completa o sentido do substantivo suspicio, ou seja, é uma subordinada substantiva completiva nominal.


c) Scio quae tibi causa fuerit IMPEDIMENTO quo minus praecurrere adventum meum posses = sei que motivo te fora IMPEDIMENTO de poderes antecipar minha chegada.

A subordinada quo minus praecurrere adventum meum posses completa o sentido do substantivo impedimento, o que a faz ser classificada como oração subordinada substantiva completiva nominal.


APOSITIVAS:

a) Te oratum advenio ID, ut ignoscas mihi = venho para te pedir isto: que me perdoes.

A subordinada ut ignoscas mihi explica o sentido do pronome id da principal, ou seja, funciona como aposto da oração principal.


b) Nescit ID, qui sit, utrum sit an non sit = ignora isto: quem é, se vive ou se não vive.

A subordinada qui sit, utrum sit an non sit, que é uma interrogativa indireta dupla, explica o sentido do pronome id, sendo, portanto, uma subordinada apositiva.


c) Sed eos moneo HOC, desinant furere = mas àqueles advirto isto: que deixem de se enfurecer.

A subordinada desinant furere explica o pronome hoc, o que a faz ser uma oração subordinada substantiva apositiva.


Em português a oração subordinada substantiva apositiva vem, geralmente, separada da principal, na maioria das vezes, por dois pontos ou também pela vírgula. Em latim, entretanto, a vírgula é a de praxe.

Paulo Barbosa

sábado, 20 de agosto de 2016

ORAÇÃO INTEGRANTE NOMINATIVA

ORAÇÃO INTEGRANTE NOMINATIVA é aquela em que se coloca o sujeito da subordinada no caso nominativo bem como o seu aposto e o nome predicativo. Esse tipo de oração subordinada se dá quando o verbo subordinante é um dos seguintes:

a) DICOR = diz-se que eu

b) TRADOR = conta-se que eu

c) FEROR = divulga-se que eu

d) PUTOR = julga-se que eu

e) JUDICOR = julga-se que eu

f) EXISTIMOR = pensa-se que eu

g) JUBEOR = manda-se que eu

h) VETOR = proíbe-se que eu

i) VIDEOR = parece que eu


DICOR ego bonus esse = diz-se que eu sou bom.

TRADITUR Romulus fortissimus fuisse = conta-se que Rômulo era muito valente.

VIDERIS tu intelligere = parece que tu entendes.

VETITI SUNT milites pontem facere = proibiu-se aos soldados que fizessem a ponte.


Paulo Barbosa

SUPINO: O QUE É, COMO SE USA E SUA IMPORTÂNCIA

O QUE É:

O SUPINO é um substantivo verbal ativo defectivo que semelhantemente ao gerúndio tem por objetivo completar a declinação do infinitivo. Pode-se dizer que é um infinitivo de finalidade.

É defectivo por possuir apenas três casos: 

1. Acusativo em -UM (que se traduz com 'a / para' mais infinitivo)

2. Dativo em -U (que se traduz com 'de' mais infinitivo)

3. Ablativo também em -U (que se traduz com 'de' mais infinitivo)


No latim arcaico - forma do latim usada desde suas origens no século VIII a.C. até mais ou menos o ano 75 a.C. -, entretanto, ainda que raramente, aparecia um supino dativo em -UI, rivalizando, destarte, com a forma em -U. Esta forma em -UI foi usada no período clássico pelos escritores arcaizantes, como Salústio, aparecendo ainda na época imperial em Plínio o Velho e Tito Lívio.


COMO SE USA:

A sintaxe do supino, ou seja, seu emprego na oração, se ajusta às seguintes normas:

a) O SUPINO ACUSATIVO em -UM é regido por verbos de movimento (aqueles que indicam destino, retorno, envio, mudança de lugar: ire, venire, redire, mittere, proficisci, dimittere, etc) assim como pelos verbos dare, collocare, etc, significando finalidade, escopo, meta.

Miserunt Joannem Fluminem Januarium CONSULTUM quidnam facerent

Enviaram João ao Rio de Janeiro PARA PERGUNTAR o que faziam


Ire DORMITUM

Ir PARA DORMIR


Mittunt legatos ROGATUM auxilium

Mandam embaixadores PARA PEDIR ajuda


Misi amicum PETITUM argentum 

Enviei meu amigo PARA PEDIR dinheiro


Dare NUPTUM ou Collocare NUPTUM

Dar PARA CASAR (dar em matrimônio)


Dare VENUM 

Dar PARA VENDER (colocar à venda)


Venio LAUDATUM 

Venho PARA LOUVAR


Note que o supino acusativo, embora uma forma nominal, mas devido a seu caráter verbal - lembre-se de que é um substantivo verbal - conserva a regência do verbo a cuja conjugação pertence, podendo, pois, vir acompanhado de complemento direto também em acusativo, como em: 

Mittunt legatos ROGATUM AUXILIUM 

Misi amicum PETITUM ARGENTUM

onde AUXILIUM e ARGENTUM são complementos diretos dos supinos.


b) O SUPINO em -U (em que houve fusão dos empregos do dativo e do ablativo) acompanha determinados verbos e adjetivos - ou adjetivos verbais - que têm o sentido de possibilidade, de agrado, sendo os mais encontrados no período clássico os seguintes: auditu, intellectucognitu, dictu, factu, memoratu, visu. Conforme já visto, este supino se traduz com o auxílio da preposição 'de' mais infinitivo, ficando, portanto, os supracitados, assim: de ouvir, de entenderde conhecer, de dizer, de fazer, de lembrar, de ver.


O rem crudelem AUDITU

Ó coisa cruel DE SE OUVIR


Facile est INTELLECTU 

É fácil DE ENTENDER


Res digna MEMORATU 

Coisa digna DE SE LEMBRAR


Pode também este supino ser usado com os substantivos indeclináveis fas, nefas e com opus, indicando assim uma ação com referência à qual a qualidade expressa pelo adjetivo é afirmada:

Si hoc fas est DICTU

Se é permitido DIZER-SE isso


Opus est SCITU

É preciso SABER


IMPORTÂNCIA 

A importância do supino latino na sintaxe se mede pela própria etimologia do vocábulo 'supinus' adjetivo que significa 'deitado de costas, preguiçoso, indiferente'. Ou seja, o supino é uma forma verbo-nominal quase inútil já que todas as orações por ele construídas podem também ser de várias outras maneiras. Por exemplo, a seguinte oração

Amicus meus venit huc NATATUM - Meu amigo veio aqui PARA NADAR

pode ser construída em latim das seguintes maneiras abstraindo-se do supino natatum:


1. com causa ou gratia mais gerúndio ou gerundivo:

Amicus meus venit huc NATANDI CAUSA

ou 

Amicus meus venit huc NATANDI GRATIA



2. com ad mais acusativo do gerúndio ou do gerundivo:

Amicus meus venit huc AD NATANDUM



3. com o dativo do gerúndio ou do gerundivo, porém somente depois de certos substantivos:

Amicus meus duumvir creatus est SACRIFICANDO

Meu amigo foi nomeado duúmviro PARA OFERECER UM SACRIFÍCIO

em vez de: Amicus meus duumvir creatus est SACRIFICATUM.


Outro exemplo: a oração

Discedo LECTUM - Vou embora PARA LER

pode ser construída das seguintes formas:

Discedo LECTURUS

Discedo AD LEGENDUM

Discedo UT LEGAM


Portanto, a importância do supino é quase nula por, de diversas maneiras, uma oração de supino poder ser construída em latim. 

Para finalizar, o supino acusativo em -Um é denominado em algumas gramáticas de Supino I (supino primeiro) e o supino em -U, denominado Supino II (supino segundo).

Esta forma verbo-nominal não passou para as línguas neolatinas, expressando essas a finalidade mediante construções analíticas, como vimos nas traduções acima.

Paulo Barbosa

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

"TANTUM ERGO": TRADUÇÃO, ORDEM DIRETA E ANÁLISE SINTÁTICA

O TANTUM ERGO é um hino católico litúrgico cantado nas bençãos com o Santíssimo Sacramento tirado de uma peça mais extensa, o Pange Lingua, composto por Santo Tomás de Aquino (1225-1274) a pedido do papa Urbano IV para a solenidade de Corpus Christi. Vejamos o hino em latim com a respectiva tradução, ordem direta e análise sintática:


Tantum ergo Sacramentum                 Tão grande Sacramento            
Veneremur cernui,                               Veneremos, pois, curvados,
Et antiquum documentum                   E o antigo ensinamento
Novo cedat ritui,                                 Ceda ao novo rito,
Præstet fides supplementum               Garanta a fé o suplemento
Sensuum defectui.                               Ao defeito dos sentidos.

Genitori Genitoque,                              Ao Genitor e ao Gerado
Laus et iubilatio,                                  Louvor e júbilo,
Salus, honor, virtus quoque                 Haja salvação, honra e bênção
Sit et benedictio.                                  E também virtude.
Procedenti ab utroque                          Ao Procedente de Ambos
Compar sit laudatio.                            Haja igual louvor.


Na ordem direta, assim fica o hino eucarístico:

Cernui ergo veneremur      Curvados, pois, veneremos
Tantum Sacramentum        Tão grande Sacramento

Sujeito: Cernui - Curvados

Predicado: Veneremur tantum Sacramentum - Veneremos tão grande Sacramento

Complemento Verbal de veneremur: Tantum Sacramentum - Tão grande Sacramento (acusativo)

Adjunto adnominal de Sacramentum: Tantum - Tão grande

Nexo preposicional: Ergo - Pois


Et antiquum documentum       E o antigo ensinamento
Cedat novo ritui                        Ceda ao novo rito

Sujeito: Antiquum documentum - O antigo ensinamento

Adjunto adnominal de documentum: Antiquum - Antigo

Predicado: Cedat novo ritui - Ceda ao novo rito

Complemento verbal de cedat: Novo ritui - Ao novo rito (dativo)

Nexo conjuncional: Et - E (iniciando a segunda oração do período coordenado)


Fides praestet suplementum     A fé garanta o suplemento
Defectui sensuum                       Ao defeito dos sentidos

Sujeito: Fides - A fé

Predicado: Praestet suplementum defectui sensuum - Garanta o suplemento ao defeito dos sentidos

Complemento verbal de praestet: Suplementum defectui sensuum - O suplemento ao defeito dos sentidos

a. Complemento verbal acusativo: Suplementum - O suplemento

b. Complemento verbal dativo: Defectui sensuum - Ao defeito dos sentidos

Adjunto adnominal restritivo de defectui: Sensuum - Dos sentidos (genitivo plural)


Laus et iubilatio                           Louvor e júbilo
Salus, honor, virtus quoque        Salvação, honra, virtude
Et benedictio                                E também benção
Sit Genitori Genitoque                Seja ao Genitor e ao Gerado


Sujeito composto: Laus, jubilatio, salus, honor, benedictio - Louvor, júbilo, salvação, honra, virtude, benção

Predicado: Sit Genitori Genitoque - Seja ao Genitor e ao Gerado

Complemento verbal de sit: Genitori Genito - Ao Genitor, ao Gerado (dativo de interesse)

Nexos conjuncionais: Et, -Que - E  /  Quoque - também


Compar laudatio                      Igual louvor
Sit Procedenti ab Utroque       Seja ao Procedente de Ambos

Sujeito: Compar laudatio - Igual louvor

Adjunto adnominal de laudatio: Compar - Igual  

Predicado: Sit Procedenti ab Utroque

Complemento verbal de sit: Procedenti ab Utroque - Ao Procedente de Ambos

Complemento verbal em dativo de interesse: Procedenti - Ao Procedente

Complemento nominal de Procedente: Ab Utroque - De Ambos


Algumas notas:

1. A expressão 'antiquum documentum' refere-se ao Antigo Testamento;

2. A expressão 'novus ritus' (novo ritui) refere-se ao Novo Testamento;

3. Genitor (Genitori) refere-se a Deus Pai que gerou o Filho, Jesus Cristo;

4. Gerado (Genito) refere-se a Deus Filho, gerado por Deus Pai;

5. Ambos (ab Utroque) refere-se ao Pai e ao Filho;

6. Procedente (Procedenti) refere-se ao Espírito Santo;

7. O verbo sum quando significar 'ser para' é construído com dativo de interesse, como em 'Compar laudatio sit Procedenti ab Utroque - igual louvor seja para o que Procede de Ambos', ou seja, seja para o Espírito Santo.


Paulo Barbosa

ABLATIVO ABSOLUTO SEM PARTICÍPIO

ABLATIVO ABSOLUTO SEM PARTICÍPIO é uma maneira excepcional de se formar tal construção quando é constituída por substantivo porém sem o particípio presente do verbo sum (ser), forma nominal não existente em latim. Em português, entretanto, ao se traduzir este ablativo, costuma-se acrescentar o gerúndio 'sendo' ou se traduz de forma livre.

Esta espécie de ablativo absoluto se encontra:

1. Nos cargos públicos: quando aparece o nome de um cargo público em ablativo não preposicionado acompanhado de um nome de pessoa ou um pronome em ablativo.

a) Maria magistra = (Sendo) Maria professora.

b) Ebrio illo = (Sendo) bêbado aquele.

c) Cicerone et Antonio consulibus = (Sendo) cônsules Cícero e Antônio.


2. Em fase da vida: quando se expressa um momento da vida aparece um substantivo em ablativo não preposicionado acompanhado de um nome de pessoa ou um pronome também não preposicionado.

a) Te annoso = (Sendo) tu idoso.

b) Me puero = (Sendo) eu criança.


3. Com invitus, a, um: quando aparece um substantivo ou pronome em ablativo não preposicionado junto ao adjetivo invitus, a, um.

a) Invita sapientia = contra a sabedoria, o conhecimento.

b) Me invito = contra a minha vontade.

c) Te invito = contra a tua vontade.


Paulo Barbosa

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

ORAÇÃO DE INFINITIVO E SUAS ESPÉCIES

A ORAÇÃO DE INFINITIVO latina é aquela oração subordinada que consiste em uma oração principal com o verbo no indicativo, subjuntivo, imperativo em qualquer forma nominal e outra subordinada com o verbo no infinitivo. Tal modalidade oracional pode ser de duas espécies:

) Oração de Infinitivo Concertada: aquela que possui um único sujeito em nominativo para o verbo principal e para o verbo infinitivo:

a) Amare debes = (Tu) deves amar.

b) Potes tabernam venire = (Tu) podes vir ao bar.


) Oração de Infinitivo Não-Concertada: aquela que possui dois sujeitos distintos, um em nominativo para o verbo principal, outro em acusativo para o verbo infinitivo:

a) Video te laborare = (Eu) vejo que tu trabalhas, te vejo trabalhar.

b) Jubeo omnes abire = (Eu) ordeno que todos se vão, mando ir embora a todos.


Paulo Barbosa

terça-feira, 2 de agosto de 2016

OS LUSÍADAS EM LATIM


Os Lusíadas é a obra poética por excelência da literatura portuguesa, de autoria do ingente poeta Luíz Vaz de Camões. É uma epopeia composta por 10 cantos, 1102 estrofes, 8816 versos, concluída em 1556 e publicada em 1572, em pleno período do classicismo português. A ação central é a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama ao entorno da qual histórias de Portugal vão sendo tecidas para a glória do povo português.

Daremos abaixo as três primeiras estrofes do Canto I de Os Lusíadas traduzidas em latim pelo Padre Frei Clemente de Oliveira numa tradução literal, rigorosa, em versos decassílabos:


Arma virosque pariter insignes             As armas e os barões assinalados
Lusitanis qui occiduis ab oris                Que da ocidental praia Lusitana,
  
Profecti, ignotis, metuendis altis           Por mares nunca de antes navegados,
Navigatis, Trapobanem et ipsam           Passaram ainda além da Taprobana,

Praeteriere, periclisque et bellis             Em perigos e guerras esforçados
Super naturam fortes imbecillam           Mais do que prometia a força humana

Inter remotas gentes novum regnum       E entre gente remota edificaram
Finxerunt, quod sublime reddidere         Novo Reino, que tanto sublimaram

                                                         * * *

Gloria item praestantes omnes reges       E também as memórias gloriosas
Qui christianam Fidem dilatarunt            Daqueles Reis, que foram dilatando

Imperiumque simul Lusitanum,               A Fé, o Império, e as terras viciosas
Errantes, Asiam, Africam vastantes;        De África e de Ásia andaram devastando;

Qui, grandium memoria factorum,           E aqueles, que por obras valerosas
Sempiternum supererunt in aevum,          Se vão da lei da morte libertando


Canens, faventibus et Musa et arte.         Cantando espalharei por toda parte,
Per totum prorsus orbem divulgabo.        Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

                                                         * * *

Docti Graeci et Troiani praedicari                Cessem do sábio Grego e do Troiano 
Ingentes desinant per maria cursus;             As navegações grandes que fizeram;

Regum praetermittantur Alexandri               Cale-se de Alexandro e de Trajano
Ac Traiani victoriae patratae:                       A fama das vitórias que tiveram;

Ego acres, claros Lusitanos canto,                Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
Quibus Mars bellax Neptunusque parent.     A quem Neptuno e Marte obedeceram:

Antiquae animo excidant Camenae;             Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Celebranda altiora surgunt gesta.                  Que outro valor mais alto se alevanta.


Paulo Barbosa

ORAÇÃO IMPERATIVA DIRETA

A ORAÇÃO IMPERATIVA DIRETA latina pode ser constituída das seguintes maneiras:

1. Com o verbo no modo imperativo expressando, assim, uma ordem a alguém:

a) TRADE crumenam = ENTREGA a bolsa.

b) INTRA = ENTRA.

c) Me SEQUIMINI = SEGUI-me.


2. Com noli ou nolite + um infinitivo, ordenando que alguém não faça algo. Noli para o singular, nolite para o plural:

a) NOLI AMBULARE = NÃO ANDES.

b) NOLITE me DESERERE = NÃO me ABANDONEIS.

c) NOLI RESPICERE = NÃO OLHES PARA TRÁS.


3. Com verbo no presente do subjuntivo expressando ordem ou exortação na 1ª pessoa do plural (incluindo também o falante) ou na 3ª pessoa do singular ou do plural (dando uma ordem sobre alguém ou sobre algo). É o que se chama uso jussivo do subjuntivo:

a) VIVAMUS atque AMEMUS = VIVAMOS e AMEMOS.

b) Aulam INGREDIAMUR = ENTREMOS no pátio.

c) Diligentius LABORENT = QUE TRABALHEM com mais perseverança.


4. Com ne + subjuntivo jussivo na 1ª ou 3ª pessoa. É sempre negativa:

a) NE DESPEREMUS! = NÃO DESESPEREMOS!

b) NE HESITET dominus = Que o patrão NÃO HESITE.


5) Pode também o uso do subjuntivo jussivo na 2ª pessoa do singular para indicar uma ordem suave ou um conselho:

a) Huc REVENIAS = DEVERIAS VOLTAR aqui.

b) Parentibus PAREAS = DEVIAS OBEDECER a teus pais.


Paulo Barbosa

sábado, 30 de julho de 2016

OMISSÕES DE PALAVRAS NA PROPOSIÇÃO LATINA

Na proposição latina podemos nos deparar com omissões de palavras que normalmente deveriam nela figurar, porém, por motivos outros, como a lei do menor esforço, a aversão a repetições, etc., não figuram. Vejamos algumas destas com a tradução subsequente e, em seguida, a mesma oração com as devidas palavras.

1. Omissão do verbo SUM quando é o único verbo ou quando é auxiliar:

a) Jam hora diei prima = ERA já a primeira hora do dia = jam hora diei prima ERAT.

b) Multi occisi, rex captus = muitos FORAM mortos, e o rei FOI capturado = multi occisis SUNT, rex captus EST.

c) Se deceptum sensit = se deu conta de que HAVIA SIDO enganado = se deceptum ESSE sensit.


2. Omissão de IS antecedente de qui:

Quod suscepi, effeci = levei a cabo O que empreendi = ID quod suscepi, effeci.


3. Omissão de palavras em duas proposições com elementos comuns:

a) Britanni cibum laudaverunt, Romani vinum = os britanos louvaram a comida, os romanos o vinho = Britanni cibum laudaverunt, Romani vinum LAUDAVERUNT.

b) Plurimi spectatores gladiatorem incitabant, nonnulli leonem = muitos expectadores incitavam o gladiador, alguns ao leão = plurimi spectatores gladiatorem incitabant, nonnulli leonem INCITABANT.


4. Omissão de palavra na primeira proposição:

a) Sacerdos templum, poeta tabernam quaerebat = o sacerdote estava procurando o tempo, o poeta a taberna = sacerdos templum QUAEREBAT, poeta tabernam QUAEREBAT.

b) Et movet ipse suas et nati respicit alas = ele move suas próprias asas e se volta para olhar as de seu filho = et ipse suas ALAS movet et ALAS nati respicit.

Este verso é do poeta romano Ovídio (43 a.C.-18 d.C.).


Paulo Barbosa

quinta-feira, 28 de julho de 2016

VERBOS DEFECTIVOS EM PORTUGUÊS E LATIM. ESTUDO COMPARATIVO

VERBOS DEFECTIVOS são aqueles que não se conjugam em determinada pessoa de dado tempo, ou a que falta um ou mais tempos. Entretanto, não existe correspondência entre os verbos defectivos portugueses e os defectivos latinos. Vejamos:

Em português há um primeiro grupo de verbos defectivos que possuem as seguintes características: a) carecem da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, b) carecem de todas as pessoas do presente do subjuntivo e c) carecem das formas imperativas que derivam destas pessoas, ou seja, de todas as formas do imperativo negativo, das três formas do imperativo afirmativo: a terceira do singular, a primeira e a terceira do plural:

1. abolir;

2. brandir;

3. carpir;

4. colorir;

5. demolir; 

6. exaurir; 

7. fremir;

8. haurir;

9. imergir;

10. jungir;

11. disjungir;

12. retorquir;

13. soer.

Entretanto, em latim, tais verbos não possuem tais defectibilidades, como seguem:

1. aboleo, aboles, abolet, abolemus, aboletis, abolent - abolir

2. concito, concitas, concitat, concitamos, concitatis, concitant - brandir

3. gemo, gemis gemit, gemimus, gemitis, gemunt - carpir

4. coloro, coloras, colorat, coloramus, coloratis, colorant - colorir

5. demolior, demoliris, demolitur, demolimus, demoliminis, demoliuntur - demolir

6. diluo, diluis, diluit, diluimus, diluitis, diluunt - exaurir

7. fremo, fremis, fremit, fremimus, fremitis, fremunt - fremir

8. haurio, hauris, haurit, haurimus, hauritis, hauriunt - haurir

9. immergo, immergis, immergit, immergimus, immergitis, immergunt - imergir

10. jungo, jungis. jungit, jungimus, jungitis, jungunt - jungir

11. disjungo, disjungis, disjungit, disjungimus, disjungitis, disjungunt - disjungir

12. retorqueo, retorques, retorquet, retorquemos, retorquetis, retorquent - retorquir

13. soleo, soles, solet, solemus, soletis, solent - soer


Um segundo grupo de verbos defectivos portugueses são os detentores das seguintes características: a) só são conjugados nas formas arrizotônicas, ou seja, nas formas em que o acento cai nas terminações, b) não possuem, portanto, nenhuma das pessoas do presente do subjuntivo, c) não possuem nenhuma das pessoas do imperativo negativo, d) só possuem a segunda pessoa do plural no imperativo afirmativo:

1. falir;

2. aguerrir;

3. combalir;

4. comedir-se;

5. delinquir;

6. descomedir-se;

7. embair;

8. empedernir;

9. foragir-se; 

10. fornir;

11. puir;

12. remir;

13. precaver-se;

14. reaver.


 Estes também não possuem as defectibilidades inerentes aos portugueses:

1. frango, frangis, frangit, frangimus, frangitis, frangunt - falir

2. bello, bellas, bellat, bellamus, bellatis, bellant - aguerrir

3. debilito, debilitas, debilitat, debilitamus, debilitatis, debilitant - combalir

4. timeo, times, timet, timemus, timetis, timent - comedir-se

5. decipio, decipis, decipit, decipimus, decipitis, decipiunt - delinquir

6. supero, superas, superat, superamus, superatis, superant - descomedir-se

7. fallo, fallis, fallit, fallimus, fallitis, fallunt - embair

8. firmo, firmas, firmat, firmamus, firmatis, firmant - empedernir

9. migro, migras, migrat, migramus, migratis, migrant - foragir-se

10. trado, tradis, tradit, tradimus, traditis, tradunt - fornir

11. abrado, abradis, abradit, abradimus, abraditis, abradunt - puir

12. redimo, redimis, redimit, redimimus, redimitis, redimunt - remir

13. vito, vitas, vitat, vitamus, vitatis, vitant - precaver-se

14. reparo, reparas, reparat, reparamus, reparatis, reparant - reaver


DEFECTIVOS LATINOS


Os verbos defectivos latinos são os seguintes:

a) Os quatro seguintes que só apresentam as formas de perfectum, porém, com significação ativa:

1. memini = lembrar-se

memini = eu lembro
meministi = tu lembras
meminit = ele/ela lembra                                     PRETÉRITO PERFEITO
meminimus = nós lembramos
meministis = vós lembrais
meminerunt = eles/elas lembram

E os demais tempos do perfectum: pretérito mais-que-perfeito e futuro perfeito do indicativo; perfeito e mais-que-perfeito do subjuntivo.


2. odi = odiar

odi = eu odeio
odisti = tu odeias
odit = ele/ela odeia                                              PRETÉRITO PERFEITO
odimus = nós odiamus
odistis = vós odiais
oderunt = eles/elas odiaram

E os demais tempos do perfectum: pretérito mais-que-perfeito e futuro perfeito do indicativo; perfeito e mais-que-perfeito do subjuntivo.


3. coepi = começar

coepi = eu começo
coepis = tu começas
coepit = ele/ela começa                                        PRETÉRITO PERFEITO
coepimus = nós começamos
coepitis = vós começais
coeperunt = eles/elas começaram

E os demais tempos do perfectum: pretérito mais-que-perfeito e futuro perfeito do indicativo; perfeito e mais-que-perfeito do subjuntivo.


4. novi = conhecer

novi = eu conheço
novis = tu conheces
novit = ele/ela conhece                                           PRETÉRITO PERFEITO
novimus = nós conhecemos
novistis = vós conheceis
noverunt = eles/elas conhecem

E os demais tempos do perfectum: pretérito mais-que-perfeito e futuro perfeito do indicativo; perfeito e mais-que-perfeito do subjuntivo.

Note que a única defectibilidade de tais verbos é não possuírem as formas da ação do infectum.


b) O verbo aio = falar que é usado somente nas formas seguintes:

INDICATIVO:

PRESENTE: aio (eu falo); ais (tu falas); ait (ele/ela fala); (...); (...); aiunt (eles/elas falam).

PRETÉRITO IMPERFEITO: todas as pessoas - aiebam (eu falava); aiebas; aiebat; aiebamus; etc.

PRETÉRITO PERFEITO: ait (ele/ela falou).

SUBJUNTIVO:

PRESENTE: aiat (ele/ela fale)


PARTICÍPIO:

PRESENTE: aiens, aientis = que fala


No latim arcaico, entretanto, encontra-se atestadas as seguintes formas do pretérito imperfeito do indicativo: aibam, aibas, aibat, aibant.

Também no latim arcaico, mais precisamente em Plauto (Bud. 427), é encontrada a seguinte forma do subjuntivo presente: aias (fales).

Ainda no latim arcaico, depara-se com a forma imperativa: ai (fala).

No latim pós-clássico, enfim, encontra-se a forma do subjuntivo presente: aiant  (eles/elas falem).


c) O verbo fari = falar, que é raro e usado somente nos poetas nas seguintes formas:


INFINITIVO:

PRESENTE: fari e farier (falar)


INDICATIVO:

PRESENTE: fatur (ele/ela fala).

FUTURO IMPERFEITO: fabor (falarei).


IMPERATIVO:

PRESENTE: fare (fala).


PARTICÍPIO:

PRESENTE: fanti (para o que fala); fantem (o que fala).

PASSADO: fatus (falado).


d) O verbo inquam = dizer, empregado sobretudo nas orações incisas nas seguintes formas:


INDICATIVO:

PRESENTE: em todas as pessoas - inquam (eu digo); inquis; inquit; inquimus; inquit; inquiunt.

PRETÉRITO IMPERFEITO: inquibat / inquiebat (ele/ela falava).

FUTURO IMPERFEITO: inquies (eu falarei); inquiet (ele/ela falará).

PRETÉRITO PERFEITO: inquii (eu falei); inquisti (tu falaste); inquit (ele/ela falou).


No latim arcaico encontra-se as seguintes formas do imperativo: presente - inque (fala); futuro - inquito (fala). Ambas as formas são de Plauto, respectivamente em Bacch, 883 e Trin., 427.

Inquimus (falamos) é forma atestada no poeta Horário (Sat. 1, 3, 66).


e) O verbo quaeso = peço-vos, por favor, desiderativo de quaero, empregado precipuamente em orações incidentes nas seguintes formas:

INDICATIVO:

PRESENTE: singular - quaeso (por favor, peço-vos); plural - quaesumus (por favor, pedimos).

É usado em fórmulas de polidez. 


f) Os verbos cedo = , dize, traze, anda, mostra, deixa ver e cette = dai, dizei, trazei, andai, mostrai, deixai ver. Estes verbos são usados essencialmente na língua falada e somente nestas duas formas do imperativo presente. 


g) Os três seguintes verbos usados como fórmulas de saudação:


1avere = desejar muito, usado quase que somente na seguinte forma:

IMPERATIVO:

PRESENTE: singular - ave ( tem muito bom dia, bom dia); plural - avete (tende muito bom dia)


Há também um raro emprego do imperativo presente deste verbo encontrado no período clássico, como na expressão avere jubeo = enviar bom dia, enviar saudações. Aparece, ainda, no mesmo período, o imperativo futuro aveto = desejai bom dia, encontrado em Salústio (Cat. 35, 5).

Há a notar, enfim, que a saudação ave, aveto é pronunciada pelos que chegam a um lugar.



2. salvere = ter saúde, passar bem, usado quase que somente na seguinte forma:

IMPERATIVO:

PRESENTE: singular - salve (tem saúde, bom dia); plural - salvete (tende saúde)

Da mesma maneira que o anterior, o salvere é usado também nas formas do imperativo presente, como na expressão salvere te jubeo = envio-te saudações.


3. O verbo valere = ter força, ter valor, ter vigor, usado também quase que somente na seguinte forma:


IMPERATIVO:

PRESENTE: singular: vale (tem saúde, tem força, tem vigor); plural: valete (tende saúde, tende forças).

Este verbo só é defectivo como fórmula de saudação de quem se despede, usado, então, no imperativo presente. Nas demais acepções (como: ter crédito, exceder em valor, prevalecer, etc), não é defectivo.


Paulo Barbosa

ORDEM DAS PALAVRAS NA ORAÇÃO SIMPLES LATINA

A ORDEM DAS PALAVRAS na oração simples latina pode ser variada, como veremos:

1. Orações compostas por um nominativo + um verbo:

a) Nominativo + verbo: Custodes dormiebant = os soldados estavam dormindo.


b) Verbo + nominativo: Decidit rex = o rei caiu.



2. Orações compostas de dois nomes (um em nominativo, outro em acusativo) + um verbo:

a) Nominativo + acusativo + verbo: Sacerdos templum visitavit = o sacerdote visitou o templo.


b) Verbo + acusativo + nominativo: Dedit signum magister = o professor deu o sinal.


c) Acusativo + nominativo + verbo: Vinum mercator vendidit = o comerciante vendeu o vinho.

[Nota: Esta ordem seria perfeitamente usada por um romano ao ser indagado: Que vendeu o comerciante?. Começaria o romano a resposta com vinum, o acusativo, já que esta palavra seria a resposta à indagação. Um outro motivo para se iniciar a resposta pelo acusativo vinum seria ressaltar a oposição de vinum às demais mercadorias suscetíveis de negócio por parte do comerciante. Por exemplo: vinum... vendidit poderia ir seguida de aquam vitae retinuit: o comerciante vendeu o vinho e reteve a cachaça.]


3. Orações compostas de três nomes (nominativo, acusativo e dativo) + um verbo:

a) Nominativo + dativo + acusativo + verbo: miles puero nihil ostendit = o soldado mostrou a espada ao menino.
                                                                                


b) Dativo + nominativo + acusativo + verbo: filio mater nihil legavit = a mãe não deixou nada para o filho.                                                                                                                                                         

[Nota: Um dos motivos pelos quais o escritor ou orador usaria essa ordem das palavras seria ressaltar a oposição entre filio e outra palavra. Por exemplo, filio... legavit poderia ir seguido de filia villam ingentem: à seu filho a mãe nada deixou, mas à sua filha deixou uma enorme casa. Note ainda que  a ordem mais comum é a primeira vista: nominativo + dativo + acusativo + verbo.]


4. Orações que não contêm nominativo:

a) Acusativo + verbo: turbam salutaverunt = saudaram a multidão.


b) Dativo + verbo: amicis credidit = confiou nos amigos.


c) Dativo + acusativo + verbo: puellae epistolam tradidi = entreguei a carta para a menina.


Paulo Barbosa

quarta-feira, 27 de julho de 2016

O 'UT' E O 'NE' E SEUS VALORES

Dentre as muitas funções da partícula NE latina uma é a de atuar como forma negativa de UT quando este está combinado com verbo no subjuntivo:

Moneo UT faciant = aconselho QUE façam.

Moneo NE faciant = aconselho QUE NÃO façam.


Porém, no caso de alguns verbos que indicam temor e proibição, o valor de NE é totalmente distinto, significando, então, QUE, enquanto o valor de UT significa QUE NÃO:


Timeo NE veniat = temo QUE venha.

Timeo UT veniat = temo QUE NÃO venha.


Esse uso parece ter sua origem em construções paratáticas antigas do tipo:


Timeo; ne veniat = temo; não venha. E depois: tenho medo de que venha.


Paulo Barbosa

terça-feira, 26 de julho de 2016

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA

A Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta é aquela que na subordinada completa o sentido de um verbo transitivo direto da principal.


Vejamos exemplos deste tipo em português e latim:


Prefiro      QUE NÃO INDAGUES   -   Malo NON ROGES.
(Or. Princ)(Or. Sub. Subst. Obj. Dir.)


Não desejo QUE VEJA - Nolo VIDEAT.


Quero QUE FAÇA VIR TUA EMPREGADA - Volo EXHIBEAS ANCCILAM.


Recomendo QUE TE CUIDES - Mando UT CURES.


Peço-te QUE PERDOES - Oro UT IGNOSCAS.


Roga QUE DEIXE AS OUTRAS COISAS - Roga UT RELIQUAT ALIAS RES.


Paulo Barbosa

segunda-feira, 25 de julho de 2016

ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA

A Oração Subordinada Substantiva Subjetiva é aquela em que a subordinada exerce a função sintática de sujeito da principal. A estrutura típica de tal oração é:

Verbo de ligação + predicativo: é bom; é útil; é melhor; é necessário.

Expressões na voz passiva: sabe-se; conta-se; é sabido; foi anunciado.

Verbos como: convir; constar; importar; acontecer.


Vejamos exemplos dessa espécie oracional em português e latim:


É melhor  QUE ESTEJAS SÃO - Melius est SIS SANUS.
(or. princ.)(or. sub. subs. subj.)


É necessário QUE A VIRTUDE INTERCEPTE O ACESSO DA VOLÚPIA - Necesse est VIRTUS INTERCLUDAT ADITUS VOLUPTATIS.


Diz-se QUE OS CERVOS VIVEM MUITOS ANOS - Dicitur CERVOS DIUTISSIME VIVERE.

Conta-se QUE A CIDADE DOS ATENIENSES FOI MUITO PRUDENTE - Traditur CIVITAS ATHENIENSIUM PRUDENTISSIMA FUISSE.


Convém QUE ESTEJAM AGORA DE BOM ÂNIMO - Decet STENT NUNC ANIMO AEQUO.


Importa QUE MARIA VOLTE PARA MIM - Oportet MARIA REDEAT AD ME.


Paulo Barbosa

domingo, 24 de julho de 2016

O INFINITIVO PERFEITO LATINO E SEU USO

O INFINITIVO PERFEITO LATINO pode ser ativo e passivo.

O ativo é formado pelo radical do perfectum ativo mais a terminação -ISSE:

AMAVISSE = ter amado, amou; amaram.


Já o passivo é formado no singular com o radical do supino mais as terminações -UM, -AM, -UM, e no plural com as terminações -OS, -AS, -A, mais o infinitivo ESSE:

AMATUM ESSE = ter sido amado, foi amado. (Masculino)

AMATAM ESSE = ter sido amada, foi amada. (Feminino)

AMATUM ESSE = ter sido amado, foi amado. (Neutro)


AMATOS ESSE = terem sido amados, foram amados. (Masculino)

AMATAS ESSE = terem sido amadas, foram amadas. (Feminino)

AMATA ESSE = terem sido amados, foram amados. (Neutro)


Note que esta forma infinitiva pode variar ou se flexionar em gênero e em número de acordo com a concordância com o sujeito, porém, o caso é sempre o acusativo. Isso se dá pelo motivo de que o infinitivo perfeito passivo latino somente é usado em orações subordinadas substantivas objetivas diretas, ou seja, em orações subordinadas de acusativo com infinitivo. O mesmo deve ser dito do infinitivo ativo, também empregado como complemento de verbo da oração principal. Estas orações são construídas sem conjunção, o verbo na subordinada sempre está no infinitivo e o seu sujeito sempre no acusativo:


Aiunt HOMINEM  RESPONDISSE = Dizem que o homem respondeu.
          (acusativo)   (inf. perf. ativo)

Dicimus TE REDISSE = Dizemos que tu voltaste.

Scriptum est MARIAM AMAVISSE = Escreveu-se que Maria amou.



Fateor EUM  AMATUM ESSE = Confesso que ele foi amado.
           (acus.)(inf. perf. passivo)

Dixit MARIAM SCITAM ESSE = Disse que Maria foi sabida.

Declaro VINUM ANNULATUM ESSE = Declaro que o vinho foi corrompido.


Nego EOS CREMATOS ESSE = Nego que eles foram queimados.

Aiunt PUELLAS OSCULATAS ESSE = Dizem que as meninas foram beijadas.

Nuntio TEMPLA COLORATA ESSE = Anuncio que os templos foram pintados.


Paulo Barbosa

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

CONSECUTIO TEMPORUM


CONSECUTIO TEMPORUM é a Concordância dos Tempos verbais na oração subordinada em subjuntivo, existindo, para isso, regas mais ou menos fixas que ditam em qual tempo deve estar a oração subordinada em subjuntivo em função do tempo da oração principal.

Como já tratamos deste tema aqui (http://topicosdelatinidade.blogspot.com.br/2011/09/video-quid-agas-vejo-o-que-fazes-videbo.html), daremos apenas exemplos da seguinte modalidade:


    Quando o verbo da oração principal estiver no indicativo presente, futuro ou imperativo...

    O verbo da oração subordinada subjuntiva deverá ir para o presente ou para o perfeito do subjuntivo:


PERSUADET Rauracis et Tulingis et Latovicis finitimis, 
                                                                                                uti una cum is PROFICISCANTUR

Persuade aos ráuracos, aos tulingos e aos latóvicos a partirem com eles.


NECESSE EST 
                           huic ut SUBVENIAM 


É necessário que eu venha em auxílio deste.


CURA
           ut VALEAS


Trata de passar bem.


Paulo Barbosa