quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A QUANTIDADE VOCÁLICA

As vogais latinas são ora breves, ora longas, ou seja, são pronunciadas com som agudo e rápido ou com som amplo e prolongado, sendo as primeiras abertas e as segundas fechadas.

Nos tempos arcaicos a vogal longa às vezes era dobrada, de modo que FELIX se grafava FEELIX, e quando o i era longo era grafado ei, como em heic, mas que sempre se pronunciou hic

Às vezes uma palavra escrita com dupla vogal era pronunciada como se tivesse apenas uma, como deest, deerunt, dii = dest, derunt, di.

Paulo Barbosa

sábado, 13 de dezembro de 2014

ACENTUAÇÃO LATINA

As palavras latinas nunca são oxítonas, ou seja, o acento nunca recai na última sílaba. Portanto, nos dissílabos se acentua sempre a primeira sílaba: ma, ámor, sa, sa.

Nos polissílabos, palavras de tres ou mais sílabas, é a penúltima sílaba que resolve a acentuação, de acordo com a quantidade, ou seja, o tempo gasto na prolação ou emissão da sílaba:

a) se acentua a penúltima - paroxítonas - se esta for longa (pausada na prolação): cedit (cortou), ocdit (matou)

b) se acentua a antepenúltima - proparoxítonas - se a penúltima for breve (rápida na prolação): cidit (caiu), óccidit (morreu).

Paulo Barbosa

AS CONSOANTES LATINAS: CLASSIFICAÇÃO

AS CONSOANTES latinas são divididas nas seguintes espécies:

1. Mudas, aquelas que não são pronunciadas, apesar de mantidas na escrita: b, c, d, f, g, k, p, q, t.

2. Líquidas, aquelas que causam sensação de fluidez: l, r.

3. Nasais, aquelas que em sua pronúncia o ar é expirado pela cavidade nasal: m, n.

4. Sibilante, aquela que possui sibilância, ruido em forma de assobio: s.

5. Duplas, aquelas que se decompõem em duas: x = cs; z = ds.


Das consoantes mudas umas são:

1) Guturais ou palatais, aquelas cujo som é emitdo pela garaganta com entonação rouca: g, k, q;

2) Labiais, aquelas articuladas com os lábios: p, b;

3) Dentais, aquelas articuladas com a lâmina da língua: t, d.

Paulo Barbosa


DITONGOS LATINOS

DITONGO é a união de duas vogais pronunciadas em uma única emissão de voz. Em latim há seis:

Ae - praemium;

Oe - poena;

Au - aurum;

Eu - que em latim só se encontra em ceu, heu, eheu, heus, neu, neuter, neutiquam, seu;

Ei - hei;

Ui - cui, hui, huic.


Observação: Yi é ditongo grego: Harpyia, assim como Eu, Eurus.

Paulo Barbosa

A ONOMÁSTICA ROMANA: TRIA NOMINA

Os Romanos livres recebiam seus nomes próprios no oitvado dia (meninas) e nono (meninos) consistindo estes em tres nomes. O dia da outorga era denominado dies lustricus, quando a criança era legitimada pelo seu pai numa cerimônia na qual era elevada do solo - o tollere filium - tomando-a aos braços em seguida, onde era purificada - lustrare - e se lhe impunha o tria nomina que são:

O praenomen (prenome), que era o nome próprio distinguindo-a dos demais membros da família, sempre abreviado.

O nomen gentilicum (nome gentílico), assim denominado por indicar a gens, a estirpe, donde descendia a família.

O cognomen (cognome) que distinguia entre si as famílias do mesmo tronco.

Assim:  M. (Marcus) Tullius Cicero

Algumas pessoas possuíam, entretanto, um agnomen, ou seja, um sobrenome, que tinha por finalidade indicar alguma particularidade que lhes eram próprias, por exemplo, por alguma gesta ou feitos memoráveis.

Assim:  P. (Publius) Cornelius Scipio Africanus

O Scipio (= báculo, bastão) é o cognomen herdado do avô  por haver servido de ajudante ao seu pai cego;

O Africanus é o agnomen alcançado por Públio por ter participado como general na II Guerra Púnica, derrotando Aníbal na famosa Batalha de Zama, em 10 de outubro de 202 a.C.

Paulo Barbosa

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A DIVISÃO SILÁBICA EM LATIM

SÍLABA é a letra ou um conjunto de letras pronunciadas em uma única emissão de voz. Em latim, a sílaba final de denomina aberta quando terminada em vogal: tu-a, me-a, ves-tra; e fechada quando terminada em consoante: mel-lis, pa-nis, ra-vis.

As sílabas são divididas de acordo com a pronúncia e, portanto:

1. A vogal ou o ditongo se separa da vogal ou da única consoante seguinte: De-us; cae-lum; fi-li-us.

2. As consoantes duplas se separam: il-le; sum-mus.

    Duas consoantes diferentes também se separam: pug-na; prop-ter; his-panus.

    Mas, se a primeira sílaba é muda (com as consoantes c, p, b, g, m, t) e a segunda é líquida (com l, r), ambas se juntam à vogal seguinte: tene-brae; pa-tris; locu-ples.

3. Nos grupos de três consoantes, a primeira e a segunda pertencem à primeira vogal, a terceira, à segunda vogal: sanc-tus; sump-si.

   Entretanto, se a segunda consoante é muda e a terceira líquida, se juntam com a vogal seguinte: mem-brum; as-trum.

Nas palavras compostas separam-se os elementos componentes quando permanecem sem nenhuma alteração ou ao menos com toda nitidez: ab-luo; de-scribo; in-spiro; per-spicio.

Paulo Barbosa




O 'H' NO LATIM CLÁSSICO

O H em latim clássico nunca foi consoante, mas sinal de aspiração da vogal a qual se antepunha, não sendo, portanto, articulado. Assim, quando duas vogais eram separadas por um 'h' sempre eram consideradas seguindo uma a outra imediatamente e, muitas vezes, até se contraindo em uma só: 

Nihil - Nil 

Prehendo - Prendo

No princípio das palavras podia o 'h' ser escrito ou não:

Harena ou arena = campo de ação, arena, lugar de espetáculo

Harundo ou arundo = cana, bambu, flauta

Hedera ou edera = erva, tipo de planta

Paulo Barbosa


SINAIS DE PONTUAÇÃO EM LATIM

POSITURAE, INTERPUNCTIO são os nomes latinos para os sinais de pontuação, aqueles recursos gráficos próprios da escrita que servem para estruturar um texto e estabelecer as pausas e entonações da fala.

O latim, porém, não possui sinais de pontuação exceto o ponto, que é tríplice: summum, medium e imum (o alto, o mediano e o ínfimo). Os demais sinais que hoje se encontram nos textos latinos são meramente pedagógicos ou auxiliares da leitura.

1. O summum ou ponto alto equivale ao nosso ponto final, que indica a pausa máxima da voz, usado para fechar um período de frases declarativas ou imperativas. Este sinal era chamado distinctio e dele declarou Élio Donato, famoso gramático do século IV, professor de São Jerônimo e Rufino: "Distinctio est, ubi finitur plena sententia; hujus punctum ad summam litteram ponimus" (É 'distinctio' por terminar uma sentença plena; colocamos esse ponto em cima da letra).

2. O medium ou ponto médio equivale ao nosso dois pontos, sinal que indica um prenúncio ou que se apoxima um enunciado. Em latim era o media distinctio.

3. O immum ou ponto baixo equivale a nossa vírgula, sinal que marca pausa e inflexões da voz numa leitura, enfatiza ou separa expressões e orações, esclarece significados de frases, afastando, assim, ambiguidades. Os latinos o demoninavam subdistinctio.

Paulo Barbosa

domingo, 7 de dezembro de 2014

A CONSOANTE 'C' NO PERÍODO CLÁSSICO

Segundo estudiosos versados em filologia, a consoante C, no período áureo da língua latina, era sempre pronunciada pelos romanos como K, com som gutural forte, mesmo antes de e e i. Assim, Cicero soava Kikero; cruce, cruke, etc.

Mais tarde, entretanto, o C antes de e, i, y, ae, oe, começou a pronunciar-se como S.

Uma particularidade latina do C era o grupo qu - QV -, considerado uma única consoante. Devido a isso, inquilinus soava incilinus; inquit, incit; e o quu se pronunciava cu: sequuntur, secuntur. Pronunciar secuuntur é barbarismo.

Paulo Barbosa

Os Analistas Quinto Fábio Pictor e Lúcio Cíncio Alimento


ANNALES é uma forma de registro histórico acerca de um povo ou uma instituição que assinala os fatos ano a ano de maneira concisa. Na Roma Antiga, o mais vetusto analista do qual se tem memória foi Quinto Fábio Pictor (nascido em 254 a.C.), pertencente à gens Fabia, senador e comandante da II Guerra Púnica (218-201 a.C). Seus Annales começavam com a chegada de Enéias na Itália, tratando de maneira bem sumária a idade antiga, enquanto as narrativas do fatos mais recentes, em particular da II Guerra Púnica, eram prolixas e volumosas, o que o torna uma fonte de bastante credibilidade de tais façanhas.

Outro analista de quem se tem memória certa é Lúcio Cíncio Alimento, também do século III a.C., pretor na Sicília em 209 a.C., e renomado jurista romano. Escreveu um tratado histórico, Annales, começando nas origens de Roma, 753 a.C., até a II Guerra Púnica, 218-201 a.C., um período de mais de quinhentos anos.

Ambos analistas escreveram em grego, pois o latim era ainda nesta época uma língua restrita, enquanto escrever em grego significava expandir-se a todo o mundo civil de então.

Paulo Barbosa