segunda-feira, 23 de maio de 2022

PSÊUDOLUS, MAIS UMA COMÉDIA DE PLAUTO

 PSÊUDOLUS é uma comédia de Plauto, escrita em latim arcaico, que tira seu nome do autor de uma personagem da peça.

Enredo. Um soldado da Macedônia havia comprado uma moça chamada Fenícion das mãos de um mercador de prostitutas por vinte minas e dera quinze minas de entrada ou sinal. Fenícion deveria ser entregue ao enviado do comprador quando este mandasse as cinco minas restantes e uma carta com senha. A peça gira em torno das artimanhas pelos quais o escravo de seu pai, Psêudolus, após interceptar a carta e a senha do soldado, engana o proxeneta e leva Fenícion para Caliodoro.

Paulo Barbosa

quinta-feira, 19 de maio de 2022

ASINÁRIA, COMÉDIA PLAUTIANA

 ASINÁRIA é o nome de uma comédia burlesca de Plauto, dramaturgo romano, nascido em 230 a.C. e falecido em 180 a.C, ou seja, viveu durante o período republicano. Foi escrita em latim arcaico (240-81 a.C.), sendo uma adaptação do Onagros ("Asno"), obra de comediógrafo grego Demôfilos.

O enredo. Demêneto, um bondoso pai, deseja muito ajudar ao seu filho Argiripo a salvar a prostituta Filênion de uma velha cafetina, porém é tratado com muita tirania e violência por sua esposa que controla rigidamente as finanças do casal. Graças a uma artimanha de um de seus escravos, Demêneto consegue apoderar-se da soma de vinte minas que deveriam ser pagas ao mordomo de Artemona por alguns asnos que haviam sido vendidos - daí a origem do nome da obra -, e pai e filho, então, passaram a tarde comemorando com Filênion. Porém um rival na disputa dos favores da moça, furioso por ver-se preterido, avisa Artemona, que vai até o lugar da festa, de onde retira seu marido culpado em meio a terríveis ameaças. 

O provérbio "homo homini lupus" (o homem é lobo para o homem) deriva dessa comédia. 

Paulo Barbosa

quarta-feira, 18 de maio de 2022

VERBOS SEMIDEPOENTES

VERBOS SEMIDEPOENTES em latim são aqueles que nos tempos do infectum têm as formas conjugadas na voz ativa e nos tempos do perfectum, conjugadas na voz passiva.

1) Tempos do infectum significam a característica aspectual em que a ação executada por um sujeito se encontra em processo de realização. São: o presente, o pretérito imperfeito, o futuro imperfeito; o infinitivo presente passivo e ativo, o particípio presente, o gerundivo e o gerúndio.

2) Tempos do perfectum significam a característica aspectual em que a ação verbal está realizada, acabada. São:  o pretérito perfeito, o pretérito mais-que-perfeito, o futuro perfeito ou anterior; o infinitivo passado ativo.

2ª conjugação

audeo, -es, -ere / ausus sum = ousar.

soleo, -es, -ere / solitus sum = costumar.

3ª conjugação:

fido, -is, -ere / fisus sum = confiar. Seus derivados também: confido (confiar-se) e diffido (desconfiar).

Paulo Barbosa

terça-feira, 17 de maio de 2022

SI NON CASTE, SALTIM CAUTE

 "SI NON CASTE, SALTIM CAUTE", SE NÃO COM CASTIDADE, PELO MENOS COM CUIDADO, é uma máxima medieval de origem ignorada que tende a exortar à prudência necessária nos amores furtivos da vida, nas "ficadas" de final de semana, - caso não se contenha nas relações amorosas, que ao menos tenha juízo -, com o sentido propagandístico do uso de preservativos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e métodos anticoncepcionais. 

Em português, com um paralelo em espanhol, também se diz: Se não fores casto, sê cauto.


ADENDO. Paronomásia é figura retórica que consiste em colocar em paralelo dois nomes muito semelhantes na forma, mas de sentido diferente, ou seja, é a semelhança que guardam duas palavras de sentido diferente, mas que apenas se diferenciam em alguma vogal ou fonema.

A máxima acima contém tal figura ao contrastar caste / caute, que, aliás, pode-se afirmar, é o que produz fascínio em quem dela toma conhecimento.

Paulo Barbosa

sábado, 14 de maio de 2022

EX OPERE OPERATO

EX OPERE OPERATO / EM CONSEQUÊNCIA DA AÇÃO REALIZADA é uma locução de sentido religioso que reflete a teologia sacramental desenvolvida por Santo Agostinho sobretudo em seus escritos antidonatistas. A expressão quer significar que um sacramento conferido é válido independentemente da condição subjetiva ou moral do ministro, ou seja, a força do sacramento é intrínseca, sua eficácia existe em consequência da ação que foi realizada, não dependendo do estado espiritual do sacerdote.

Entretanto na parte bizantina da igreja há fartos documentos que contradizem esse modo de pensar agostiniano, tal como se pode conferir na Vida de Santo André, o louco (PL. 111,800b) onde recomenda-se ao sacerdote que não se aproxime do altar em estado de pecado, pois assim estaria impedindo a atuação do Espírito Santo e privando os fieis de sua graça.

Paulo Barbosa

sexta-feira, 13 de maio de 2022

FUNÇÃO EM SINTAXE

 FUNÇÃO é o papel ou atribuição desempenhado pelos constituintes de uma oração. Na sintaxe existem as seguintes funções:

1. dos elementos essenciais, a saber, como sujeito, predicado e complemento;

2. dos elementos acessórios, a saber, como adjunto adnominal e adjunto adverbial.


Etimologia. A palavra função vem do latim functio = execução, exercício de alguma faculdade, cumprimento de um dever, que, por sua vez, vem do verbo fungi = cumprir, desempenhar um ofício, satisfazer, pagar.

Paulo Barbosa

quinta-feira, 12 de maio de 2022

COMPLEMENTO NOMINAL E VERBAL EM LATIM

 COMPLEMENTO em gramática é a palavra ou o elemento que inteira, completa, uma palavra que por si só careça de significação plena. Há duas modalidades de complementos: nominais e verbais.

1. Complemento nominal é aquele que especifica e restringe o sentido mais geral do nome que acompanha. Em latim vem sempre no caso genitivo:

Nihil urbis uigiliae = em nada as sentinelas da cidade.

Salutaris verbum = palavra da salvação.

Domus Petri = casa de Pedro.


2. Complemento verbal é aquele que inteira aos verbos que não apresentam valor semântico pleno, tais como os transitivos e de ligação:

Habemus Papam = temos um papa.

Qui te defendere audeat = que ouse defender-te. (Obs.: aqui um infinitivo é o objeto direto verbal: defendere).

Patere tua consilia non sentis? = não percebes que teus planos estão evidentes? (Obs.: aqui há uma oração infinitiva, ou seja, um objeto direto oracional: patere tua consilia).

Suisque ut idem faciant imperat = e ordena aos seus que o façam. (Obs.: aqui há uma oração substantiva objetiva direta: ut idem faciant).


Os verbos de ligação pedem um complemento denominado predicativo que indica uma qualidade ou um estado. Tal complemento vai para o caso nominativo concordando com o sujeito:

Puella bona est = a menina é boa.

Petrus sedulus est = Pedro é aplicado

Amare bonum est = amar é bom.

Paulo Barbosa

terça-feira, 10 de maio de 2022

FIGURAS GORGIANAS: ISÓCOLO, PARISOSE, HOMEOTELEUTO

 FIGURAS GORGIANAS são certas expressões de estilo que produzem grande efeito persuasivo no discurso. Foram elaboradas pelo sofista Górgias de Leontino (485-380 a.C.), inaugurador do deleite literário na oratória, entronizador da Retórica como conhecimento indispensável para se triunfar socialmente assim como para a defesa pessoal. Suas figuras são classificadas tripartitemente em 1. antíteses de sentido, 2. paralelismos sintáticos, 3. paralelismos fonéticos. Dentre várias, vejamos as seguintes:

I. Isócolo - é a figura gorgiana que consiste em uma sequência de dois ou mais segmentos - cólons - sintáticos com rigorosa simetria:

"... porque enfim nunca falara a teus ouvidos o galante mancebo que jura quando mente; que festeja quando atraiçoa; que diz que ama, e vai rir-se!"

"Quem ama o feio, bonito lhe parece".

Note que o isócolo é um período cujos cólons ou segmentos são iguais em extensão, ou seja, simétricos.

II. Parisose - é a figura gorgiana que consiste numa forma rítmica usada nos provérbios ou em poesias onde há equilíbrio dos pés e das rimas de cada lado de uma vírgula:

"Beber ou guiar, convém optar".

III. Homeoteleuto - é a figura gorgiana que consiste na correspondência fonética das terminações da última sílaba de uma oração ou verso:

"Estudando e trabalhando".

"Deus ajuda a quem cedo madruga".

Deve-se notar que o homeoteleuto é a figura matriz da rima, ou seja, a rima pode ser qualificada como seu caso particular.

Paulo Barbosa

segunda-feira, 9 de maio de 2022

CATEGORIAS GRAMATICAIS EM LATIM

 CATEGORIA é palavra proveniente do grego katigoria, por sua vez do verbo katigoro, derivado de katá = contra e ágorevo = falar publicamente, falar no mercado. Ou seja, categoria significa "falar publicamente contra alguém", "acusar", "atribuir, imputar algo a alguém". Depois, "qualidade atribuída a um objeto".

Em gramática, categoria é uma classe ou um grupo de palavras que desempenham papéis sintáticos semelhantes conservando, portanto, relações particulares entre si. 

Na língua latina há as seguintes categorias gramaticais:

1. Substantivo: nome ou pronome que designa um ser caracterizando-se na oração pela possibilidade de exercer a função de sujeito ou objeto. É declinável.

2. Verbo: palavra que indica ação, estado, passagem de um estado a outro, sendo, pois, essencialmente, dinâmica, referindo-se aos movimentos em seu sentido lato, isto é, que se passa nos seres ou por intermédio dos seres. É conjugável e suas formas nominais declináveis.

3. Adjetivo: palavra nominal ou pronominal que deve se associar a um substantivo concordando com ele. O modo de associar pode ser como adjunto ou como predicativo. É declinável.

4. Pronome: palavra que denota o ente ou a ele se refere. Pode ser pessoal, possessivo, indefinido, relativo. É declinável.

5. Numeral: palavra que indica a soma de todas as unidades dos elementos de uma série, de um conjunto. Há o numeral propriamente dito chamado cardinal, que designa a quantidade em si mesma ou uma quantidade certa de entes, e há o numeral ordinal, que indica o número de ordem ou de relação inteligível estabelecida entre uma pluralidade de entes. Alguns são declináveis, outros não.

6. Advérbio: palavra de natureza nominal ou pronominal que na oração se acrescenta à significação de um verbo, de um adjetivo ou de um mesmo advérbio. É considerado um elemento oracional terciário, pois serve para determinar ao verbo e ao adjetivo, elementos oracionais secundários, que, por sua vez, determinam a um substantivo como seu adjunto ou um sujeito como seu predicado. É indeclinável.

7. Conjunção: vocábulo gramatical usado como conectivo para estabelecer 1) coordenação entre duas palavras, dois membros de oração ou duas orações ou 2) subordinação entre duas orações, constituindo, assim, um sintagma oracional em que uma oração é a principal ou determinante e outra a subordinada ou determinada. É indeclinável.

8. Preposição: vocábulo gramatical  que serve de morfema de relação para subordinar um substantivo como adjunto a outro substantivo ou um complemento a um verbo. O processo de subordinação exercido pela preposição é denominado regência É indeclinável.

9. Interjeição: palavra que traduz de um modo vivo os estados da alma, constituindo, portanto, uma verdadeira palavra-frase mediante a qual o falante, impregnado de sentimento, procura expressar seu estado emocional num momento súbito em vez de se exprimir por uma frase logicamente organizada. 

O ARTIGO

O latim não possui artigos, ou seja, inexistem aquelas partículas proclíticas que se juntam a um substantivo para caracterizá-lo como um indivíduo bem definido de uma espécie ou como uma síntese da própria espécie. 

"Noster sermo articulos non desiderat", "nossa língua não precisa de artigos", proclamava Quintiliano (Instit. Orat. I, 4, 19).

Paulo Barbosa

sábado, 7 de maio de 2022

TROVADOR

 TROVADOR era na Idade Média aquele que compunha e, muitas vezes, cantava composições poéticas sobretudo do gênero lírico. 

A palavra trovador está composta pelo verbo trovar mais o sufixo latino -dor indicador de agente, ou seja, significa "aquele que trova". O verbo trovar, por sua vez, tem sua origem no provençal antigo trobar e este no latim vulgar *tropare = compor um poema, falar figuradamente, descobrir, encontrar, achar, inventar, derivado do latim tropus = canto, melodia, giro retórico de palavras, associado com o grego tropos = volta, maneira, giro, figura retórica, melodia, tom, ritmo.

O provençal é um dialeto do occitano, idioma usado pelos poetas e cantores do sul da França e norte da Espanha. Segundo registros, o primeiro trovador foi Guilhem de Potiers (1071-1126), duque da Aquitânia. 

Do latim vulgar *tropare deriva também o italiano trovare = achar, encontrar algo que se havia perdido, donde se tem a expressão italiana E se non è vero, è ben trovato = e se não é verdade, é bem pensado.

Paulo Barbosa

sexta-feira, 6 de maio de 2022

A POLÍTICA

 POLÍTICA é palavra, mais estritamente um adjetivo, que tem a sua origem na expressão grega "politiké techne", ou seja, a técnica, a arte própria do cidadão, uma arte social, a de viver bem em sociedade e administrar com proficiência as coisas do Estado.

O adjetivo politiké é a forma feminina de politikós = relativo à pólis, à cidade e a seus cidadãos, sinônimo de social. Por isso o filósofo Aristóteles descreveu o homem como um "zóon politikón", um animal social.

Paulo Barbosa

quinta-feira, 5 de maio de 2022

ESPORTE, HISTÓRIA DO TERMO

 ESPORTE é palavra que tem sua origem no inglês sport, desde o século XV, que, por sua vez, é proveniente do francês déport, do século XIII, e este, por sua vez, derivado do latim deportare, verbo composto a partir de portare = levar, transportar, fazer passar. O verbo portare traz em si ideia de movimento que reflete no composto deportare em suas duas acepções no latim clássico, a saber, a que tem a ver com 'conduzir de um lugar para outro' e a que foi herdada em português com o sentido de 'desterrar'.

No latim clássico não existe outro significado para o verbo deportare, porém, com o correr do tempo, na sua etapa românica, seu significado vai ampliando até obter no português antigo a ideia reflexiva ligada a 'descansar', 'repousar', 'deter-se', passando, daí, com muita facilidade, para o sentido de 'divertir-se', 'recrear-se', que está inserido no termo 'esporte' como 'entretenimento', 'exercício físico, geralmente ao ar livre'. É a partir daí que começa a se compexificar o conceito de 'esporte', tendendo a referir-se não a qualquer entretenimento, mas a jogos e competições regulados por normas. 

Paulo Barbosa