ORATÓRIA é a arte de pronunciar em público discursos com eloquência, discursos esses bem elaborados, deliberados, que têm por objetivos informar, influenciar, entreter e persuadir aos ouvintes, enquanto a RETÓRICA é a ciência que fornece as leis para a Oratória, sendo, pois, esta teórica e aquela a sua aplicação prática.
A ORIGEM da RETÓRICA está na Sicília, ilha italiana situada no Mar Mediterrâneo, mais precisamente em Siracusa, uma cidade desta ilha, que, por 273 anos, de 485 a.C. até 212 a.C., foi dominada por uma série de Tiranos. Quando tais mandatários despóticos começaram a ser contestados, os cidadãos livres, para reconquistar suas propriedades que tinham sido confiscadas ilegalmente no regime tirânico, começaram a promover inúmeros processos cíveis. Esta prática processual despertou em Córax e Tísias o desejo de elaborar um Tratado de Retórica onde se expunha e se explicava as regras da eloquência, a arte da persuasão mediante o discurso. Algumas de tais regras, por exemplo, eram a divisão do discurso em três partes: proêmio, centro e epílogo, e o uso da argumentação de base probabilística.
Córax e Tísias (séc. V. a.C.) são, portanto, - caso tenham mesmo existidos -, os primeiros oradores da História, ambos naturais de Siracusa, e os primeiros mestres a ensinar a arte de falar persuasivamente para um auditório. Caso tenham existidos, pois há a corrente que nega a existência de ambos colocando-os como lendários, enquanto para outra corrente ambos são uma só pessoa. Aliás, o que hoje se sabe destes oradores e seus trabalhos é proveniente das obras de Platão, Aristóteles e Cícero.
Górgias (485 a.C. - 380 a.C.), um siracusano da cidade de Leontini, também ele grande orador e filósofo, foi enviado em 427 a.C. a Atenas como embaixador onde pronuncia um discurso que deixou aos atenienses maravilhados. Com este arroubo produzido na Grécia por sua eloquência, instala-se, então, em solo grego se consagrando ao ensino da Retórica. Instaurou inovações na arte oratória, desenvolvendo ornamentações e reestruturando alguns itens, tal como a inserção da paradoxologia no discurso, ou seja, do pensamento paradoxal, contraditório, tentando dar vigor a posições argumentativas absurdas, o que o fez ser apelidado de o Pai da Sofística. Ainda hoje se tem conhecimento de algumas obras retóricas deste siracusano, a saber, o Encômio de Helena, Epitáfio, Sobre a Não-Existência e Defesa de Palamedes, encontrando-se, entretanto, somente o primeiro, o Encômio de Helena, em sua forma integral. Enfim, o sofista Górgias é o verdadeiro pai da prosa artística na Grécia do V século a.C., acrescentando-se a ele, posteriormente, outros grandes rétores e mestres atenienses que veremos em ulterior tópico.
Paulo Barbosa
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