O DISCURSO, como já vimos, necessita de alguns artifícios para que as ideias nele apresentadas se tornem realçadas, suavizadas e os sentimentos concretizados. Após tratarmos das duas primeiras Figuras ou Artifícios, os que visam mover a inteligência e a vontade, veremos neste tópico as Figuras que visam mover a sensibilidade ou as Figuras para Recrear.
Esta classe de Figuras comporta apenas duas, a correção e a anamnese.
1. CORREÇÃO: é a figura em que se escolhe criteriosamente as palavras tornando assim o discurso bem articulado, apropriado a fornecer uma comunicação mais eficaz com o auditório.
2. ANAMNESE: é a figura em que finge lembrar-se de uma coisa, de um fato, que ia se esquecendo.
A BASE DAS FIGURAS
A COMPARAÇÃO é a base de todas as verdadeiras figuras, sempre constando de dois termos onde o segundo esclarece o primeiro. O primeiro termo muitas vezes vem oculto ainda que presente ao espírito, enquanto o segundo sempre expresso. A aproximação de duas ideias sempre conduz a clareza maior.
Dois termos unidos podem vir expressos por simples aposição ou pelos seguintes conectivos de forma positiva: como, diferente de, igual a, superior a, inferior a, mais do que, menos do que, parecido com, etc., e os seguintes de forma negativa: não como, não diferente de, não igual a, não superior a, não inferior a, não mais do que, não menos do que, nada parecido com, etc.
Notemos que o próprio nome figura significa aparência, simulação de uma realidade - do verbo latino fingere = modelar, formar, copiar -, o que, portanto, deve fazê-la corresponder a uma realidade. Aparência e realidade são, pois, os dois termos da comparação que sempre existem em qualquer figura.
Paulo Barbosa
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