ERNESTO FARIA JÚNIOR, exímio humanista e latinista brasileiro, nasceu em 23 de maio de 1906, filho de Ernesto de Faria e Aurora Barbosa de Faria. Cursou o antigo primário em uma escola pública no Rio de Janeiro, que então era o Distrito Federal. Mudando para Nova Friburgo, lá estudou no famoso Colégio Anchieta, instituição de ensino particular da Companhia de Jesus. Prestou vestibular para Direito, abandonando mais tarde este curso para se dedicar ao magistério. Casou-se com Ruth Junqueira de Faria, também latinista, Professora Titular de Língua e Literatura Latinas na UFRJ, com quem teve a filha Maria Dulce Faria, bibliotecária e historiadora. Ruth faleceu em 1993.
Foi autor de produção acadêmica variada, sendo ele o pioneiro na renovação dos estudos de língua latina no Brasil. Defensor fervoroso da "Pronúncia Restaurada" do latim, publica em 1933, aos vinte e sete anos, sua primeira obra de fôlego, a tese de concurso para a Cadeira de Latim do Colégio Pedro II, com o título: A Pronúncia do Latim. Novas Diretrizes do Ensino do Latim. Muitas outras obras seguiram a esta primeira, dentre as quais destacam-se: Síntese de Gramática Latina (1940); O Latim e a Cultura Contemporânea (1941); o Latim Pelos Textos (1942); Gramática Elementar da Língua Latina (1943); o Vocabulário Latino-Português (1943); a Fonética Histórica do Latim (1955); o Dicionário Escolar Latino-Português (1955), que saiu pelo MEC; e a Gramática Superior da Língua Latina (1958).
A sua Gramática Superior da Língua Latina é uma obra clássica, reconhecida tanto nas universidades brasileiras quanto europeias, recebendo mesmo elogios do ínclito Prof. Marouzeau na Revue des Etudes Latines (tomo XXXVII, 1959). A Gramática descreve diacronicamente os aspectos fonéticos, morfológicos e sintáticos da língua latina.
Prof. Ernesto Faria atingiu o auge de sua carreira acadêmica em 1946, ao passar no concurso que prestou para a Faculdade Nacional de Filosofia, com a tese: Pérsio, estudo literário e lexicográfico. Nesta entidade ocupou a Cátedra de Língua e Literatura Latinas.
Em 1955, foi nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UDF, hoje UERJ, onde lecionou até 1959.
Participou de muitos congressos nacionais e internacionais, dentre os quais se destacam as conferências proferidas na Universidade de Coimbra e Sorbonne, em 1951, e a participação no congresso realizado em Lausanne, Suíça, em 1959, organizado pelo Groupe Romand de la Société des Etudes Latines, onde falou sobre os Estudos Clássicos no Brasil.
Diversos cargos de administração foram também exercidos por ele, podendo-se destacar o de Vice-Diretor da Faculdade Nacional de Filosofia da UB, atual UFRJ, empossado em abril de 1946, tendo sido reeleito várias vezes e nele permanecendo até sua morte, em 14 de março de 1962.
Paulo Barbosa
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