GENITIVO SINGULAR ARCAICO EM -I
O genitivo singular dos nomes que terminam o tema em vogal áspera, ou seja, em -a, -e, -o, é em -I. Nos nomes de tema em -a, entretanto, este -i evolveu-se para -e, e assim hoje temos rosae.
Acontece, então, que a antiga poesia latina conservou numerosos exemplos deste genitivo, como por exemplo:
Olli respondit rex AlbAI LongAI (En. An. 33) = respondeu-lhe o rei de Alba Longa
Diues equom, diues pictAI vestis et auri (Verg. En. 9,26) = rico de cavalos, rico de veste bordada e de ouro
Nec clarum uestis splendorem purpureAI (Lucr. 2,52) = nem o brilhante esplendor de uma veste de púrpura
GENITIVO SINGULAR ITÁLICO EM -S
O antigo genitivo singular das palavras da 1ª declinação também podia ser em -S, denominado genitivo itálico, e foi usado com bastante frequência pelos autores arcaicos:
Mercurius cumque eo filius LatonaS = Mercúrio e com ele o filho de Latona - [Latona, na mitologia, é a mãe de Apolo e Diana]
Dux ipse viaS = o próprio guia da estrada
O substantivo FAMILIA, quando precedido de PATER, MATER, FILIUS, FILIAS, continuou, mesmo no período clássico, a usar a desinência -S:
Pater familiaS = pai de família
Mater familiaS = mãe de família
Filius familiaS = filho de família
Qui sicut unus pater familiaS, his de rebus loquor (Cic. De Or. 1.29.132) = eu falo destas coisas como um pai de família
Cum de matre familiaS Tarquiniensi duo filios procreavisset (Cic. Rep. 2.19) = como tivesse tido dois filhos de uma mãe de família de Tarquínios
Illum filium familiaS patre parco (Cic. Cael. 15,36) = aquele filho de família (originário) de um pai econômico
GENITIVO PLURAL EM -UM
O genitivo plural de alguns nomes pode ser em -UM em vez de -RUM (-ARUM):
Amphora, ae (ânfora = vaso grande) pode fazer o genitivo plural amphorUM = das ânforas.
O genitivo dos nomes compostos de -gena e -cola, como terrigena, ae (habitante da terra) = terrigenUM; agricola, ae (agricultor) = agricolUM.
Estes nomes podem também fazer o genitivo em -RUM: terrigenaRUM, agricolaRUM.
DATIVO E ABLATIVO PLURAL EM -BUS (-ABUS)
Alguns nomes da 1ª declinação fazem o dativo e ablativo plural igual aos seus correspondentes masculinos da 2ª declinação: em -IS Assim, dea, ae = deusa, no dativo e ablativo plural é deis = para as deusas e pelas deusas, e deus, i, nome da 2ª declinação, nestes mesmos caso faz também deis = aos deuses e pelos deuses. Ora, para distinguir quando os dois nomes se encontram num mesmo sintagma ou oração, os da 1ª declinação recebem a desinência -BUS.
Diis deaBUSque = aos deuses e às deusas
Ab diis deaBUSque immortalibus veniam peto = peço perdão aos deuses e às deusas
Os outros nomes da 1ª que recebem esta desinência para se diferenciarem de seus correspondentes masculinos são:
Liberta, ae = libertada - faz libertaBUS, para diferenciar-se de libertus, i, que faz libertIS.
Famula, ae = criada - faz famulaBUS, para diferenciar-se de famulus, i, que faz famulIS.
Asina, ae = jumenta - faz asinaBUS, para diferenciar-se de asinus, i, que faz asinIS.
Paulo Barbosa
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