sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CONSECUTIO TEMPORUM

VIDEO quid AGAS = vejo o que fazes

VIDEBO quid EGERIS = verei o que fizeste

VIDERO quid ACTURUS SIS = terei visto o que hás de fazer

Os verbos em vermelho na oração principal estão nos chamados TEMPOS PRIMÁRIOS, ou seja, no PRESENTE, FUTURO IMPERFEITO E FUTURO PERFEITO.

Os verbos em azul na oração subordinada estão no subjuntivo e em concordância com os verbos da principal. Na primeira oração - video quid agas - existe simultaneidade entre a ação da oração principal e a da subordinada: vejo o que fazes (agora, neste momento). O verbo da subordinada está no presente do subjuntivo: agam, agas, agat, agamus, agatis, agant.

Na segunda oração - videbo quid egeris - a ação é passada: verei o que fizeste (ontem, antes de ontem, semana passada). O verbo da subordinada está no perfeito do subjuntivo: egerim, egeris, egerit, egerimus, egeritis, egerint.

Na terceira - videro quid acturus sis - a ação é futura: terei visto o que hás de fazer (amanhã, semana que vem, mês que vem).

Pois bem, o que vemos aqui é o que se denomina "CONSECUTIO TEMPORUM", "CONCORDÂNCIA DOS TEMPOS" entre o verbo da oração principal e o verbo da oração subordinada. Ao ser usado um verbo na principal, deve-se, portanto, saber em que tempo deve ser colocado o segundo, que sempre estará no modo subjuntivo, o modo específico das orações subordinadas.


Conforme visto acima, depois de um tempo primário - presente e os dois futuros (imperfeito e perfeito) -, na oração subordinada deve-se usar o presente do subjuntivo se a ação desta for simultânea à da principal; o perfeito do subjuntivo se a ação da subordinada for anterior à ação da principal; e a conjugação perifrástica do presente se a ação da subordinada for posterior à da principal.

Além dos tempos primários, existem também os TEMPOS SECUNDÁRIOS, chamados HISTÓRICOS, que são o PERFEITO, IMPERFEITO, MAIS-QUE-PERFEITO.

Colocado um dos tempos secundários numa oração principal, a subordinada deve conter:

IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO, se a ação for simultânea: VIDI quid AGERIS = vi o que fazias (naquele momento, enquanto fazias). 

MAIS-QUE-PERFEITO DO SUBJUNTIVO, se a ação for passada: VIDEBAM quid EGISSES = via o que tinhas feito (semana passada, ontem, mês passado).

CONJUGAÇÃO PERIFRÁSTICA DO IMPERFEITO, se a ação for posterior: VIDERAM quid ACTURUS ESSES = tinha visto o que havias de fazer (depois, amanhã, semana que vem).

A consecutio temporum é rigorosa em latim, ou seja, sua aplicação deve ser observada todas as vezes que um verbo no tempo primário ou secundário aparecer na principal. Mesmo onde o português usa os tempos do presente, em latim se empregam os tempos passados do subjuntivo, como na seguinte oração:

PHILOSOPHI IGNORABANT QUAM PULCHRA ESSET VIRTUS

OS FILÓSOFOS IGNORAVAM QUÃO BELA É A VIRTUDE

O 'esset', imperfeito do subjuntivo, está na subordinada devido à regra que diz: existindo na oração principal  um tempo secundário - que aqui é o imperfeito do indicativo: ignorabant -, para expressar simultaneidade deverá o verbo da subordinada estar no imperfeito do subjuntivo. Mas, em português, traduziremos pelo indicativo: 'esset' = 'é', e nunca por 'fosse'.

Paulo Barbosa.

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