quarta-feira, 21 de março de 2012

PROGRAMA DO CURSO DE LATIM NA UERJ


O CURSO DE LATIM que se iniciará na UERJ em 24 de março, aos sábados, abordará a gramática morfossintaticamente. Os textos para tradução serão os do livro do latinista brasileiro, Prof. Ernesto Faria, "O Latim pelos textos", trechos escolhidos e graduados para o estudo do latim.

O primeiro texto de leitura será de Sexto Rufo, autor do século IV da era cristã, que compôs o "Breviarium De Victoriis et Provinciis Populi Romani", "Breviário sobre as Vitórias e Províncias do Povo Romano". Este livro foi muito estimado pelos contemporâneos, muitos dos quais o copiaram e, desde a Renascença, foi muitas vezes reeditado, aliás com muitos títulos diferentes.

O latim de Rufo, ainda que com alguns deslizes e imperfeições comuns a todos os escritores do século IV, possui notáveis qualidades de clareza e precisão. Contudo, é sempre um latim de escritor romano autêntico e por esse motivo mesmo é mais recomendável para os principiantes no latim do que qualquer outro mau latim criado no século XIX ou XX.


O segundo texto será de Eutropio, que viveu também no século IV da era cristã e foi autor do "Breviarium Historiae Romanae", "Breviário da História de Roma", dedicada ao Imperador Valente, que reinou de 353 até sua morte, em 378. Esta obra, desde a antiguidade e durante toda a Idade Média, gozou de grande renome, tendo até merecido várias traduções em grego.

O latim de Eutrópio é como que especialmente indicado para a iniciação do estudo do latim por suas extraordinárias qualidades de clareza, precisão, simplicidade e pureza, qualidades estas reconhecidas unanimemente por todos os latinistas.


O terceiro texto será de Fedro, fabulista latino do século I da era cristã. Foi autor de Fábulas, em cinco livros, abrangendo 90 fábulas em versos senários iâmbicos. A maioria dos assuntos foi tomado de Esopo, fabulista grego, acrescentando Fedro mais algumas fábulas, provenientes de outras fontes ou inventadas por ele para criticar os contemporâneos.

A língua e o estilo de Fedro, no dizer de Laurand, são clássicos, primando pela pureza do gosto, semelhante ao latim da época de Augusto.


O quarto texto será de Cornélio Nepos, também do século I da era cristã. Foi autor do "De Viris Illustribus", "Sobre os homens ilustres", obra biográfica acerca de homens de grande monta dos idos tempos. Era amigo dos mais eminentes representantes do mundo literário clássico, tais como Cícero, Hortênsio, Pompônio, Ático e Catulo. Este último dedicou a ele seu livro de poesia.

O latim de Nepos é bom, não se encontrando deslizes ingentes e seu estilo é de primeira ordem. É verdade que se acha construções arcaicas e outras de cunho familiar e em alguns períodos, vocábulos de emprego raro na língua latina, mas nem por isso há demérito em sua obra.


O quinto texto será excertos de César, nascido em Roma, em 100 antes de Cristo, autor dos "Comentarii De Bello Gallico", "Comentários sobre a Guerra Gauleza", narrativa viva e ágil, sem pormenores inúteis, composta com frase sempre natural, seja curta, seja um longo período, onde os fatos são perfeitamente bem coordenados, de modo que nada pode ser retirado nem posto.

O latim de César é autenticamente clássico, possuindo grande pureza, sem palavras vulgares, obsoletas ou poéticas. É um latim de uma precisão quase absoluta, conciso e de simplicidade na construção, levado muitas vezes a um apuro que nem mesmo sequer Cícero conheceu. Tudo fez de César um mestre ao qual, em toda a língua latina, só Cícero poderá ser comparado e manter-se em situação de igualdade, sem ser relegado para a penumbra de um segundo plano.


O sexto texto será excertos de Cícero, nascido em 106 antes de Cristo, autor de inúmeras obras de variados gêneros.

O latim de Cícero é absolutamente clássico, de extrema correção e pureza. O estilo é, por excelência, natural, verdadeiro, sem constrangimento nem rigidez. Conseguiu Cícero imprimir à língua musicalidade, harmonia, como nenhum outro autor latino, ultrapassando, mesmo, os prosadores gregos, com excessão de Isócrates.


Além da gramática e dos textos graduados, os alunos deverão, por esforço próprio, estudar aspectos da Cultura Romana, grande auxilar no estudo de qualquer idioma para sua melhor compreensão.

Paulo Barbosa

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