segunda-feira, 19 de março de 2012

ROMÂNIA

ROMÂNIA é o nome pelo qual se convencionou denominar toda a área geográfica que, em virtude das conquistas romanas, foi latinizada.

Sabe-se que nem sempre onde chegaram as legiões romanas, a língua latina se impôs, haja vista, por exemplo, a Grécia que, por sua cultura sedimentada e forte, jamais cedeu ao idioma dos romanos. Entretanto, regiões houve que foram latinizadas, mas devido a fatores históricos, perderam o lastro romano, como, por exemplo, o norte da África, onde hoje em dia só se encontram vestígios arqueológicos da antiga conquista, mesmo tendo, em tempos passados, tido inegável fastígio.
O norte africano, no século II da era cristã, estava completamente romanizado e possuía até mesmo um vasto centro literário, cuja tradição vai de Apuleio a Tertuliano e Agostinho de Hipona, o santo. Este latim falado na África teve estreitas relações com obras cristãs que constituindo a única literatura notável da decadência romana se tornaram os verdadeiros agentes da formação do latim medieval. Isso quer dizer que existiu também uma România africana.

Os vestígios dessa romanidade africana florescente foram dispersos e apagados pelo tufão das invasões dos Vândalos, em 439, sob o comando de Genserico; em seguida, pelos bizantinos que, sob Justiniano, na Batalha de Tricameron, em 533, anexaram todo o território setentrinal da África ao Império Bizantino; e, por fim, pela invasão árabe começada por volta de 640, onde os últimos clarões do antigo império romano foram extintos.
Numa grande extensão da Europa, entretanto, os romanos deixaram gravados, de modo indelével, na tradição linguística, a antiga conquista. Isso pode ser atestado ainda hoje nas línguas românicas, cheias de vigor e viço.
Tal romanização não foi, porém, obra apenas de um povo guerreiro. Acima de tudo, os romanos foram hábeis colonizadores e sabiam conduzir os povos conquistados, respeitando os seus direitos, suas religiões, prerrogativas e interesses.
Assim, no tempo de Vespasiano (41 e.C.), a Espanha possuía já direito de cidadania; Caracalla (197) promulgou o famoso edito pelo qual concedia igual direito a todos os súditos imperiais. Ulpiano, famoso jurista romano do século III, deixou-nos a versão de tal edito:

"In orbe romano qui sunt ex constitutione Imperatoris Antonini cives romani effecti sunt"
Este fato de enorme alcance político fez o poeta Rutílio Namaziano escrever o seguinte dístico:

"Fecisti patriam diversis gentibus unam

Urbem fecisti quae prius orbis erat".

O prestígio de Roma, além de dominar quase todo o Ocidente da Europa, deixou, no próprio Oriente europeu, o rumeno como 'lontana voce romana', no dizer de Savj-Lopez.
Não se pode esquecer, todavia, que a România, abrangendo todo esse enorme território, não constituiu, jamais, substrato étnico uniforme. Foi apenas um substrato linguístico, fruto de um fato histórico: a conquista romana.
Em termos estritos, então, esta é a conceituação da România. De romani tirou-se o vocábulo România para designar o mundo romanizado.

Paulo Barbosa

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