Há na língua portuguesa muitas orações de construção ativa mas de sentido passivo, como por exemplo as seguintes:
Invejam-me, que equivale à passiva: eu sou invejado.
Apertaram-me, que equivale a: eu fui apertado.
Ouvem-me, que equivale a: eu sou ouvido.
Prenderam-me, que equivale: eu fui preso.
Estas orações, claro, são traduzidas em latim com o verbo na voz passiva:
Invejaram-me = invideor = eu sou invejado.
Apertaram-me = compressus sum = eu fui apertado.
Ouvem-me = audior = eu sou ouvido.
Prenderam-me = captus sum = eu fui preso.
Por outro lado, expressões passivas em latim podem ser traduzidas ativamente em português:
Dicor esse vir linguae latinae peritus, que ao pé da letra se traduz: sou dito ser homem perito em língua latina (= latinista), mas a tradução portuguesa pode ser: dizem que eu sou latinista, ou diz-se que eu sou latinista.
Dictum est esse Flora magistra, ao pé da letra: foi dito ser Flora mestra, mas à portuguesa pode-se traduzir: disseram que Flora é mestra.
Pelo visto, pode-se concluir que ao se traduzir não deve o estudioso se prender à letra de um texto português para passá-lo ao latim e da mesma maneira do latim para o português. O texto deve ser analisado e a sua tradução deverá prender-se ao sentido e não a palavra por palavra.
Paulo Barbosa.
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