Alguns vícios, aliás, todos, devem ser evitados por quem produz textos ou discursa. Dentre estes destacaremos os três seguintes nos quais até autores de monta deslizaram:
A MACROLOGIA é o vício que consiste em uma exposição prolixa, denominada em latim LONGILOQUIUM, na qual se incorporam coisas sem necessidade. Tito Lívio, por exemplo, usou esta figura viciosa ao escrever:
"Legati non inpetrata pace retro unde venerant domum reversi sunt"
"Não havendo conseguido a paz, os legados regressaram voltando a seu país, de onde haviam saído" (Fragm. 64. M).
A TAPINOSE consiste em diminuir a grandeza de algo, em diminuir-lhe a magnitude. A palavra mesma, do grego, significa pequenez. Virgílio usou o artifício quando escreveu:
"Apparent rari nantes in gurgite vasto"
"Aparecem poucos (náufragos) nadando no imenso abismo" (Aen. 9,609).
Virgílio empregou 'abismo' em lugar de 'mar'.
A ACIROLOGIA consiste no emprego impróprio de uma palavra. Lucano a cometeu ao escrever:
"Liceat sperare timenti"
"Permita-se ao temeroso ter esperança" (2,15)
pois é mais próprio ao temeroso ter medo que esperança.
Em Virgílio também se encontra o escorregão:
"Gramineo in campo"
"Em um campo gramíneo" (Aen. 5,287)
pois é mais apropriado empregar o adjetivo 'graminosus' do que 'gramineus'.
Paulo Barbosa.
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