quinta-feira, 7 de julho de 2011

COMO TRADUZIR O FUTURO DO PRETÉRITO EM LATIM

Amaria, aconteceria, beijaria, louvaria, são formas verbais que, na língua portuguesa, estão no futuro do pretérito.

Ora, o futuro do pretérito não existe em latim. Como, então, fazer, caso apareça esta forma em texto português que será vertido para o latim? Neste caso, deve-se usar o subjuntivo presente ou imperfeito latino. Assim, se quiser traduzir:

EU AMARIA, em latim será: AMAREM

EU AVISARIA, em latim: MONEREM

TU LERIAS, em latim: LEGERES

ELE RECEBERIA, em latim: ACCIPERET

Em português, todavia, temos dois futuros do pretérito, o simples (amaria) e o composto (teria amado). O simples, como vimos, basta usar do subjuntivo presente ou imperfeito, mas o composto é traduzido em latim pelo mais-que-perfeito do subjuntivo. Assim:

EU TERIA AMADO, em latim será: ADJUVISSEM

EU TERIA AVISADO, em latim: MONUISSEM

TU TERIAS LIDO, em latim: LEGISSES

ELE TERIA RECEBIDO, em latim: ACCEPISSET

Geralmente uma oração de verbo no futuro do pretérito quase sempre vem acompanhada de outra começada pela conjunção se, que em latim é si. Os verbos, pois, em ambas as orações devem, em latim, estar no mesmo modo:

AJUDAR-TE-IA SE FOSSE RICO, em latim será: TE ADJUVAREM SI DIVES ESSEM

TER-TE-IA AJUDADO SE FOSSE RICO, em latim: TE ADJUVISSEM SI DIVES FUISSEM

SERÍEIS MAIS SÁBIOS SE TIVÉSSEIS SIDO SEMPRE ATENTOS, em latim: DOCTIORES ESSETIS SI SEMPER ATTENTI FUISSETIS.

O futuro do pretérito só se traduzirá pelo presente do subjuntivo quando a hipótese for possível. Assim:

A TERRA AMOLECERIA SE CHOVESSE, em latim será: TERRA MADEAT SI PLUAT, pois é possível que a água da chuva amoleça a terra.

Paulo Barbosa.

Um comentário:

  1. Caro Roberto,

    "Si facilis sis, haud difficilis sis" pode ser traduzido: se (tu) fosses fácil, não serias difícil, dirigindo-se à uma pessoa. Na terceira pessoa, claro, o verbo vai para a terceira do singular: "Si facilis sit... sit".

    Estamos diante de um período condicional, que é a junção de uma subordinada e uma principal. A subordinada (prótase) é a que propõe a hipótese, enquanto a principal (apódose) realiza ou não o proposto. A hipótese proposta pode ser de três tipos: hipótese real, possível ou irreal. De acordo com cada tipo se usa um tempo e modo verbal adequado, segundo as regras gramaticais. Assim:

    Se a hipótese for real, o verbo da prótase (da condicional) fica no indicativo, que é o modo da realidade e o verbo da principal (apódose) vai para o indicativo, imperativo ou subjuntivo exortativo:

    SI HOMO ES VIVE UT HOMO (se és homem, vive como homem).


    Se a hipótese possível (isto é, que pode ser realizada, que não envolve contradição), o verbo tanto na subordinada quanto na principal vai para o subjuntivo presente ou perfeito, de acordo com a possibilidade ser presente ou passada:

    SI STUDEAS DISCAS (se estudasses, aprenderias).


    Se a hipótese é irreal, que não pode ser realizada por envolver contradição, o verbo tanto na prótase quanto na apódose estará ou no imperfeito do subjuntivo ou no mais-que-perfeito do subjuntivo (caso a hipótese seja um fato passado):

    SI POSSEM FACEREM (se eu pudesse, faria, - mas não posso, logo, não farei -).

    SI VOLUISSEM POTUISSEM (se eu tivesse querido, teria podido).

    No seu caso, optei pela hipótese possível, por achar a mais conveniente. Veja também, Roberto, que nem sempre se usa os tempos e modos que a língua portuguesa emprega, pois em latim há leis regentes de orações subordinadas, leis estas que são intransigentes, como a 'Consecutio temporum', não admitindo quebras em seus cãnones. Quanto ao período hipotético, vale o mesmo, pois de acordo com a hipotese, emprega-se o verbo no tempo e modo devido.

    Abraços e disponha.

    Paulo Barbosa.

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