"Tu velim tuam et Tulliae valetudinem cures" (Ep. ad. Fam. XIV,9). Assim termina Cícero uma carta para sua esposa Terência. Usou o verbo volo no presente do subjuntivo, primeira pessoa, velim, que se traduz por 'queira eu' ou 'eu quisera', 'eu desejaria'. Na tradução para o português pode, perfeitamente, ser traduzido por 'quero'.
Poderia Cícero usar, neste contexto, a forma 'vellem', imperfeito do subjuntivo, primeira pessoa, que também se traduz por 'quisera eu' ou 'quisesse eu', 'quereria eu'? Não. E isto devido ao fato de que:
VELIM = EU QUISERA, exprime um desejo que se pode realizar, um desejo possível, e no caso da carta de Cícero, é possível o cuidado da saúde, tanto da esposa Terência quanto da filha Túlia.
VELLEM = EU QUISERA, por sua vez, expressa um desejo impossível, como quando alguém diz "Quisera eu tal coisa, mas é impossível". O imperfeito serve mesmo aí para expressar pesar.
Paulo Barbosa
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