Pode-se afirmar que o adjetivo qualificativo BURRO para designar metaforicamente o homem que incorre em erro mesmo sabendo diferenciar o certo do errado é clássico, pois na Antiguidade latina, e mesmo na Idade Média, vários autores de renomes o usaram, e dentre estes destacaremos Plauto (254-184), comediógrafo e dramaturgo, que na comédia Pseudolus(136) deixou-nos essa pérola: "Neque ego homines magis asinos numquam vidi, Nem eu nunca vi homens mais burros".
Outros ilustres autores também empregaram o 'asinus' como qualificativo de alguns homens, como por exemplo:
Terêncio (184-160 a. C), dramaturgo e poeta romano, no seu Eunuchus, 597, no Adelphoe, 935, no Heautontimoroumenos, 876;
Cícero (106-46 a.C), filósofo e orador renomado de Roma, na Epistula ad Atticum, 4,5,6, e no De Oratore, 2, 66, 267, denomina de burro aos apoucados de inteligência;
Boécio (480-525), autor cristão, na sua obra A Consolação da Filosofia, 4, 3, 6, onde diz ser característica dos néscios e abúlicos viver como os burros.
Nas línguas modernas também burro qualifica os carentes de inteligência, como por exemplo na língua portuguesa, quando em partidas de futebol muito se ouve tais adjetivos classificando os técnicos de futebol desaprovados pela torcida.
Apesar de clássico, alguns defendem que denominar um homem estúpido de burro é ofensa cometida ao animal, pois como assinala o escritor brasileiro Gilberto Rodrigues da Cunha em seu romance Caçadas de Vida e de Morte:
" O Burro é inteligente.
Aprende ligeiro,
sabe que seu dono é patrão,
que vai levá-lo para boa água e bom pasto,
se cumprir a obrigação.
Mas é igual gente,
tem manhas,
gosta ou desgosta das pessoas e coisas,
e mostra isso no comportamento:
com cavaleiro estranho ou antipático ele empaca,
dá rabichada, endurece o queixo e,
se leva esporada,
sai riçando a perna do coitado em lasca de aroeira ou fio de arame farpado"
Paulo Barbosa.
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