A Literatura Latina não foi construída com a mesma espontaneidade da grega, desenvolvendo-se muito tardiamente e mediante imitação dos gêneros literários que se formaram na Grécia. Após a absorção destes gêneros, no entanto, os romanos imprimiram sua maneira peculiar, de tal forma que, até mesmo transformaram muitos dos tipos helênicos adotados.
Costuma ser dividida em quatro épocas ou períodos:
1. PERÍODO PROTO-HISTÓRICO: do século VII a 240 a.C, onde figuram os primeiros documentos em língua latina, como a FIBULA PRENESTINA (século VII), o CIPO DO FORUM (século VI ou V), o VASO DE DUENOS (século IV), e alguns outros.
2. PERÍODO ARCAICO: de 240 a.C. até 81 a.C., onde se encontram tanto textos literários, como os de LÍVIO ANDRÔNICO que escreveu poesias épicas e dramáticas entre 240-207 a.C.; NÉVIO, também autor de épicas e dramáticas entre 235-204 a.C.; PLAUTO, autor de comédias, nascido em 254 e morto em 184 a.C.; ÊNIO, poeta épico, dramático e lírico, introdutor do hexâmetro datílico, nascido em 239 e falecido em 169 a.C.; TERÊNCIO, comediante, nascido em 190 e morto em 159 a.C.; LUCÍLIO, o criador da sátira, nascido em data desconhecida e morto em 103 a.C.; CATÃO, criador da prosa literária, nascido em 234 e falecido em 149 a.C., quanto textos epigráficos, como o EPITÁFIO DOS CIPIÕES, o SENATUS CONSULTUM DE BACCHANALIBUS (168 a.C.), a SENTENTIA MINUCIORUM (117 a.C.) e a LEX CORNELIA(81 a.C.).
3. PERÍODO CLÁSSICO: de 81a.C. a 17 p.C., dividido em Era de Cícero e Era de Augusto.
Na Era de Cícero predominou os prosadores, chegando a prosa à sua máxima perfeição, destacando-se CÍCERO (106-43 a.C.), autor de várias obras e apogeu da eloquência e da prosa latina; CÉSAR (101-44 a.C.), que juntamente com Cícero é o padrão da prosa clássica, deixando Comentários sobre a guerra nas Gálias e sobre a Guerra civil, obra inconclusa; SALÚSTIO (86-35 a.C.), apogeu da historiografia, autor de histórias sobre a Guerra Jugurtina, a Conjuração de Catilina e outros mais; LUCRÉCIO (98?-35a.C.), apogeu da poesia filosófica, autor do De Rerum Natura, poema didático epicurista. Com Cícero, foi o criador do vocabulário filosófico; CATULO (87-55 a.C.), introdutor de vários metros gregos em latim, um dos poetas novos ou neoterói, autor de poesias de temáticas menores em relação aos poetas do passado romano, chegando mesmo ao obsceno e burlesco.
Na Era de Augusto, primeiro Imperador Romano, predominaram os poetas, chegando a poesia ao máximo de perfeição, e destacando-se VERGÍLIO (71-19 a.C.), auge da poesia pastoril, épica e didática, autor das Bucólicas, Geórgicas e Eneida e de mais outros poemas menores; HORÁCIO (65-8 a.C.), aperfeiçoador dos metros gregos já existentes em Roma e introdutor de novos, poeta lírico e satírico e epicurista, autor de Odes ou Carminas, Sátiras,Epístolas e Epodos ou Jambos; CORNÉLIO GALO (69-26 a.C.), criador da elegia romana; TIBULO (50-19 a.C.), autor de poesias elegíacas; PROPÉRCIO (47?-15? a.C.), também autor de poesias elegíacas; OVÍDIO (43 a.C.-17 p.C.), último dos poetas clássicos, chegando com ele o hexâmetro à sua perfeição. Autor de vários poemas, entre eles Ars Amatória, Heroides, Amores, coleção de poesias eróticas, Metamorfoses, poema hexâmetro mitológico, Fastos, sobre o calendário romano, Tristia e Epistulae ex Ponto, coletâneas de poemas do exílio, além de vários outros poemas ou peças menores; TITO LÍVIO (64-17 a.C.), último dos prosadores clássicos, autor do Ab urbe condita, obra histórica que narra desde a fundação de Roma, em 753 a.C., até início do século I da Era Cristã.
4. PERÍODO PÓS-CLÁSSICO: de 17 p.C. até o século V, época da queda do Império Romano do Ocidente. Este período deve ser dividido em Século I e início do II e Séculos II ao V.
No século I e início do II surgiram vários poetas e prosadores não italianos, cuja língua latina, então, começa a diferir dos moldes clássicos. Os principais foram: FEDRO, natural da Trácia e introdutor da fábula esópica; SÊNECA (?-65 p.C.), natural da Espanha, enriquecedor da linguagem filosófica, estóico, e autor de várias obras, dentre as quais De tranquillitate animi, De vita Beata, Epistolae Morales; LUCANO (39-65 p.C.), natural da Espanha, renovou a épica latina, autor da Pharsalia ou Gerra Civil; PETRÔNIO (?-65 p.C.), criador do romance satírico-picaresco na literatura latina, autor do Satiricon; PLÍNIO, O VELHO (23-95 p.C.), natural de Como, enriquecedor da linguagem científica, autor da História Natural, enciclopédia científica que abarcava todo conhecimento do gênero até sua época; QUINTILIANO (30?-95 d.C.), natural da Espanha, restabeleceu a eloquência ciceroniana, autor de Institutiones Oratoriae, já vista em artigos de nossa lavra; MARCIAL (40-104 d.C.), natural da Espanha, aperfeiçoador do epigrama, autor de O livro dos espetáculos e Xenia, entre outros; JUVENAL (65-128 d.C.), natural da Campânia, elevou a sátira ao apogeu, autor de várias máximas filosóficas, como a famosa mens sana in corpore sano, e do livro As Sátiras; TÁCITO (55-120 d.C.), grande estilista, historiador de peso, criador de uma nova literatura, autor de Annales e Historiae, livros que narram a História do Império Romano, e de outras obras, como Germania, que trata dos costumes dos povos da Germânia.
Nos séculos II ao V, cada vez mais se acentuou a mistura da língua corrente, popular, à língua literária, desbotando, desta maneiro, o clássico latim. Nos séculos II, III e IV, a literatura se reduziu quase exclusivamente à historiografia, figurando SUETÔNIO (69-141 d.C.), autor de várias obras - De Ludis Graecorum, De Spectaculis et Certaminibus Romanorum, De Anno Romano, De Roma et eius Institutis etc -, e a HISTÓRIA AUGUSTA, coleção de biografias dos Imperadores Romanos, começando de Adriano (117-138) até o ano de 284. Apareceu neste interim a Literatura Cristã em língua latina, com TERTULIANO (150 ou 160-222), um dos criadores do latim eclesiástico, escritor mais vigoroso da época, autor de várias obras, dentre elas Contra os Judeus, Contra Escápula, Apologeticum, Scorpiace. O século IV é o período de ouro da Literatura Cristã, onde aos apologistas sucederam os seguintes doutores da Igreja:AMBRÓSIO (330-397), bispo de Milão, renovador do gênero da "Consolatio", com suas orações fúnebres, autor de muitas obras, dentre elas Cartas pastorais, Hexameron, e vários Hinos; JERÔNIMO (347-420), natural da Dalmácia, autor da Vulgata, documento precioso da língua falada do seu tempo; AGOSTINHO (354-430), natural de Tagaste, Numídia, escritor brilhante, autor de variadas obras, dentre elas Solilóquios, De Magistro, De Libero Arbitrio, Contra Academicos, para citar só as filosóficas. A literatura profana deste século - século IV - apresenta dois nomes dignos de destaque: AMIANO MARCELINO (325-391), natural de Antioquia, o último historiador notável em Roma, autor da "História de Roma", que ia desde a ascensão do Imperador Nerva, em 96 d.C., até a morte do Imperador Valente, em 378 d.C.; e CLÁUDIO CLAUDIANO (370-404), natural de Alexandria, no Egito, o último grande poeta a serviço da língua latina quase clássica, autor de De tercio Augusti consulatu Honra, Honra Epithalamium de Nuptiis et Mariae, e de muitas outras obras.
No século V, ocorreram os últimos prosadores e poetas latinos, porém sem grande destaque e brilho. É o século das invasões bárbaras e do desmembramento do Império, abrindo-se, assim, a Idade Média.
Paulo Barbosa
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