Ápio Cláudio, cognominado Cego, é o mais antigo escritor latino, cônsul em 307 e 296 a.C, um dos mais célebres censores romano, responsável direto por obras famosas na cidade de Roma, como o aqueduto Acqua Appia, que conduzia água potável mediante canais subterrâneos até Roma e a Via Appia, estrada de mais de 200 km, que ia de Roma até Brindisi. Sua benemerência literária foi consagrada em três obras:
1. Um discurso com que persuadiu ao senado, em 280, de rejeitar as propostas de paz feitas por Pirro II, rei do Epiro, célebre pelas suas lutas contra os Romanos;
2. Sententiae, Sentenças, em versos satúrnios, das quais a mais conhecida é: Faber est suaequisque fortunae = cada um é artífice de seu destino, onde afirma-se a responsabilidade do homem e de suas decisões, negando que o destino independa desses fatores;
3. Um tratado jurídico "De usurpationibus".
Ocupou-se também com questões gramaticais, excluindo do alfabeto latino a letra 'z', considerada dispensável, que, reintroduzido mais tarde e achando ocupado seu lugar pelo 'g', passou para o fim do alfabeto; além disto, substituiu por 'r', na grafia, o 's', que a pronúncia já reduzia a 'r' em nomes próprios como Valerius, Furius, Papirius. Não parece ter sido o inovador da letra 'g', pois esta, segundo Schanz-Hosius, já se encontrava em inscrições anteriores a seu tempo.
Dele declarou Cícero: "Ápio Cláudio, velho e cego, responsabilizava-se por seus quatro filhos robustos e cinco filhas, além de uma grande mansão e toda a sua clientela. Mantinha um espírito tão tenso quanto um arco e não se deixava subjugar pela velhice para se transformar num homem sem energia. Mantinha também autoridade e poder sobre os seus: os escravos temiam-no, seus filhos o veneravam e queriam bem; em seu lar reinavam os costumes dos ancestrais e a disciplina" ("Cato Maior, seu De Senectute Dialogus").
Paulo Barbosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário