sábado, 24 de julho de 2021

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, SUAS CAUSAS

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, ou A Grande Guerra de 1914-1918, teve como causas uma série de fatores históricos que na maioria das vezes são desconhecidos do público ou mesmo sonegados nos livros de História. Vejamos esquematicamente que fatores são esses:

1. RIVALIDADES DAS POTÊNCIAS EUROPEIAS

Já em meado do século XIX começam a organizar-se, na Europa, dois blocos antagônicos de países:

1.º bloco: A Alemanha, a Áustria e a Itália, constituindo a "Tríplice Aliança".

2.º bloco: A França, a Inglaterra e a Rússia, formando a "Tríplice Entente".

Rivalidade política. A estruturação destes dois blocos se deu em princípio por rivalidade política que separava os países, a saber:

a) A França através do Tratado de Frankfurt, de 10 de maio de 1871, perdeu para a Alemanha a Alsácia-Lorena, um território de povo germânico que pertencia ao Sacro Império Romano-Germânico, mas que fora tomado por Luís XIV da França após a Paz Vestfália em 1648. Tal perda se deu pela derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), o que incitava o desafeto por parte dos franceses, sobretudo ao perceberem que as províncias perdidas estavam sendo germanizadas gradualmente.

b) A Áustria, que reforçara a sua posição na Península Balcânica com a anexação da Bósnia e da Herzegovina, não via com bons olhos o movimento expansionista sérvio, pois prejudicava os seus interesses. A Sérvia tinha apoio da Rússia, que era a favor da política de expansão eslava, formando a opinião pública dos sérvios e auxiliando na criação de sociedades secretas nacionalistas.

c) A Alemanha através da Aliança Germano-Otomana travou boas relações com o Império Turco Otomano (1299-1922) mediante a execução de uma linha férrea do luxuoso Expresso do Oriente de Istambul até Bagdá, capital do Iraque. Esse fato revelador de ambições coloniais começou a preocupar os demais países europeus.

d) A Rússia, desejosa de alargar sua influência, procurava captar as simpatias dos Eslavos do Sul, espalhados pelos Balcãs, como os sérvios, bósnios, montenegrinos, macedônios, croatas. Essa ambição russa também causa alarmes nas potências europeias.


Rivalidade econômica. A rivalidade política estava revestida de caráter muito grave pois a ela se somava uma perigosa rivalidade econômica, sobretudo entre Alemanha e Inglaterra.

A prosperidade da Inglaterra depende fundamentalmente da indústria e do comércio, pois seus recursos agrícolas são insignificantes, não bastando para alimentar nem a terça parte dos seus habitantes. Devido a isso, restou para o país o desenvolvimento ao máximo das indústrias - Revolução Industrial -, a importação de matérias-primas necessárias para o trabalho e a exportação para o mundo de seus produtos. Com o rendimento destes, compra os gêneros alimentícios para sustentar a população. Entretanto, para que tal sistema se mantenha, se faz necessário dispor de centros fornecedores de matérias-primas e ter um mercado bastante vasto.

A Alemanha, tendo se organizado em Império Alemão em 1871, começou a prejudicar grandemente o sistema econômico inglês, criando uma indústria gigantesca que, graças à afluência de capitais consideráveis e a colaboração de um operariado especializado, hábil e disciplinado, formou empresas altamente de ponta e começou a comercializar com o mundo os seus produtos. Os produtos germânicos conquistaram os melhores mercados, impuseram-se devido ao baixo preço, penetraram até mesmo na Inglaterra onde houve uma concorrência esmagadora com os produtos britânicos. Em seguida começaram a se alastrar pelas colônias inglesas, chegando às Índias Orientais, Austrália e África, levados pelos colonos e comerciantes germânicos.

A Inglaterra, por sua vez, sente a mesma necessidade angustiosa. Ambos os países se percebem presos ao mesmo dilema, ambos concluem que a sua subsistência depende da indústria, dada a importância das respectivas populações fabris e a escassez de recursos agrícolas.

Nestas condições, o conflito agrava-se a cada dia, os dois blocos antagônicos preparam-se para a luta que sentem ser inevitável. Um dos rivais tem de ceder pelas forças das armas, era o pensamento da época. Não há remédio, concluem todos, enquanto os alemães afirmam pela boca do General Graf von Moltke: "A guerra é um dos meios de que se serve Deus para o progresso".

Revolta nos Balcãs. Na península balcânica novas revoltas nacionalistas se instalaram  entre 1912 e 1913. Sérvia, Grécia, Bulgária, Montenegro e Romênia, os mais militarizados e economicamente ativos países, se juntaram na Liga Balcânica para derrotar o Império Otomano e, por conseguinte, também o domínio do Império Austro-Húngaro e da Alemanha. Essa inconfidência dos Eslavos do Sul levou tanto a Alemanha quanto a Áustria se armarem mais intensamente, convencidos de que, cedo ou tarde, o agravamento da questão balcânica poderia dar origem a um conflito europeu.

A Rússia, por sua vez, como já visto, favorável ao pan-germanismo ou à expansão eslava, formava as mentalidades para uma revolução na região, ajudava na montagem de centros nacionalistas e sustentava a agitação na Bósnia e na Herzegovina. Estava, assim, preparado o clima para o assassinato do Arquiduque herdeiro da Áustria em Sarajevo. 

2. O ATENTADO DE SARAJEVO

Os ânimos cada vez mais exaltados, a mentalidade revolucionária difundida pela Rússia entre sérvios e bósnios, culminou, no dia 28 de junho de 1914, em Sarajevo, capital da Bósnia, nos assassinatos do Arquiduque herdeiro do trono da Áustria Francisco Ferdinando e de sua esposa, a condessa Sofia Chotek. O atentado foi perpetrado a mando de uma sociedade secreta da Sérvia, denominada Mão Negra, por Gavrilo Princip com outros oficiais sérvios comunistas partidários do pan-eslavismo. A Áustria, por sua vez, aproveitou a ocasião para eliminar a Sérvia como fator político dos Balcãs e evitar que aquele país se transformasse em centro do movimento eslavista que ameaçava subverter a monarquia austro-húngara. Enviou, então, à Sérvia, uma nota exigindo que todas as sociedades secretas nacionalistas fossem dissolvidas, que os indivíduos membros delas fossem expulsos do exército e dos quadros administrativos e que se abrisse um inquérito judiciário para se apurar as responsabilidades do atentado com a colaboração de funcionários austro-húngaros.

A Sérvia respondeu conformando-se com todas as exigências austríacas, exceto a que dizia respeito à colaboração das autoridades estrangeiras nas investigações. 

A Rússia, desejosa de evitar o aniquilamento da Sérvia e o consequente predomínio austríaco nos Balcãs, começou, em 26 de julho de 1914, uma mobilização parcial de suas forças para intimidar a Áustria-Hungria, decretando, quatro dias após, a mobilização geral de seus homens.

A Alemanha tomando conhecimento de tais fatos envia um ultimato à Rússia para que cessasse com a mobilização de seus exércitos no prazo de 12 horas, e outro ultimado à França para que resolvesse de que lado ficar em caso de guerra com a Rússia.

A Inglaterra tentou evitar o conflito, mas nada conseguiu. 

No dia 1 de agosto de 1914, a Alemanha declarou a guerra à Rússia.

No dia 3 de agosto, a Alemanha declarou guerra à França e à Bélgica e invadiu a Rússia

Assim se inicia a Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Guerra das Guerras.

Paulo Barbosa

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