CURSUS é a sucessão regular de sons que produz efeito harmonioso, ou seja, é a cadência harmoniosa com que os antigos escritores romanos costumavam encerrar, de modo tão espontâneo, os períodos que escreviam. Este artifício foi, com muita frequência, empregado por Cícero, Plínio o Moço, Sêneca, Quintiliano e outros autores da época do latim da decadência e até na mesma Idade Média.
O cursus é encontrado em grande número de documentos tanto privados quanto públicos, oriundos das escolas, dos mosteiros e, principalmente, das chancelarias imperiais ou pontifícias.
Este ritmo oratório, hoje denominado cursus, foi introduzido em Roma por Cícero, sendo ele o primeiro autor que cadenciou os fins de frase e expôs a teoria na sua obra Orator.
A recomendação de Cícero, no Orator, para que haja compasso no fecho das orações é que se use o dicoreu ou duplo coreu [sílabas: longa, breve, longa, breve], o crético [sílabas: longa, breve, longa], o peon [sílabas: longa, breve, breve, breve ou breve, breve, breve, longa] e o espondeu [sílabas: longa, longa].
Os coriambos [longa, breve, breve, longa], os dátilos [longa, breve, breve] e os proceleusmáticos [breve, breve, breve, breve] são desaconselhados.
A cláusula ou o fecho de uma oração compreende pelo menos os dois últimos pés, e algumas vezes os três últimos. O dicoreu, que é composto de dois troqueus, é suficiente para formar uma cláusula, assim acontecendo também com dois créticos, dois peon, um espondeu, etc. Se se tem uma cláusula que compreende três pés harmoniosos, seria melhor que o dicoreu fosse antecedido de um crético.
Paulo Barbosa
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