terça-feira, 5 de junho de 2012

UM POUCO DE FILOSOFIA DO VOCÁBULO

A PALAVRA pode ser definida como sendo o sinal habitual da alma e consta de vocábulos metodicamente reunidos em compêndios que se chamam: vocabulários, dicionários, léxicos e glossários. Tem por complemento a mímica, que lhe serve de reforço ou comentário.

VOCÁBULOS, por sua vez, são sons articulados que o aparelho fonador humano profere, todo ouvido percebe, e têm determinada significação quase sempre convencional e regulada pelo uso. Outra definição de vocábulo é ser um sinal sonoro que lembra ora um objeto material, como cavalo, ora uma noção abastrata, como virtude, e isto por meio de uma associação de ideias.

A memória retém a impressão constante desta associação e quando o termo surge, lido ou ouvido, a ideia correspondente aparece, e vice-versa, a ideia não poderá aparecer sem o vocábulo que a exprime.

Quando se estuda uma língua estrangeira, como o latim por exemplo, a aprendizagem do léxico é de suma importância, e esta aprendizagem consiste em gravar na memória os sons articulados da língua estudada naquelas relações que têm eles com as imagens e as ideias respectivas.

Numa classificação antiga, mas muito racional, os vocábulos ou termos eram divididos em duas espécies: 1. Vocábulos ou termos pitorescos, e 2. Vocábulos ou termos abstratos.

O vocábulo pitoresco é aquele que designa o que os nossos sentidos percebem, dirigindo-se ao espírito e à imaginação.

O vocábulo abstrato é aquele que dirige-se quase que unicamente à razão, e por isso, na imaginação nada evoca, senão formas vagas e imprecisas.

A maior parte dos vocábulos têm mais de uma significação, porém, numa oração bem construída, devem ter unicamente o sentido determinado pelo autor. Óbvio que muitas vezes acontece ter o mesmo termo possibilidade de duas ou mais interprtações, como nos casos dos trocadilhos que não passam de burlas inocentes, ou no caso da crítica irônica. Exemplo desta duplicidade de interpretação encontramos em José de Alencar que dizendo Joaquina Buco, não designava nenhuma senhora chamada Joaquina, mas a Joaquim Nabuco, reprovando os modos efeminados do abolicionista.

Paulo Barbosa

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