A língua latina possuía dois prefixos in-, im-, sendo um advérbio negativo ou privativo e o outro preposição de sentido local indicativo de entrada, de movimento para dentro de alguma coisa. O -in advérbio designava o oposto do vocábulo simples ao qual se junta. Assim: in-dignus, de dignus, é não digno; im-probabilis, de probablis, é não provável. São poucas, porém, as palavras populares portuguesas que possuem este prefixo negativo, sendo as mais comuns enfermo, de in-firmus, não firme; inimigo, de in-amicus, não amigo e outras. Já no vocabulário literário, desde o século XVI, numerosas palavras receberam in-, im- privativos, sobretudo adjetivos: indigno, de in-digno, não digno; ingrato, de in-grato, não grato; impossível, de im-possível, não possível, etc.
Quanto ao in- locativo, que também é em-, é empregado sempre como prefixo de muitos verbos, tais como: em-barcar, ir para dentro do barco; en-castelar, ir para dentro do castelo, etc.
O prefixo negativo que mais tarde, popularmente, substituiu o in- é des-, que muda no seu oposto o vocábulo simples. Assim, des-ordem, não ordem; des-acerto, não acerto; des-acordo, não acordo; des-confiança, não confiança; des-amor, não amor, etc.
O povo, porém, sem conhecimento, junta às palavras que já possuem o in- negativo o des-, acumulando dois prefixos de sentido idênticos, como em infeliz, que se transforma em desinfeliz, para significar muito infeliz.
Paulo Barbosa
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