À POESIA BUCÓLICA pertencem as éclogas e os idílios, com as primeiras tratando de foma dramática acerca da vida pastoril ou campestre, e os idílios evocando cenas da natureza. O caráter do bucolismo é predominantemente lírico, isto é, expressa os mais delicados sentimentos d'alma do poeta. Este gênero poético é, também, denominado pastoril.
Tres são os tipos estilísticos que aparecem na poesia bucólica: a descrição dos campos e montanhas, do gado e pastores; a narração de episódios e cenas da vida no campo, e a dissertação, frequentemente, sobre a felicidade humana. Mas o que realmente humaniza os quadros é a realização de um amor entre os pastores ou até mesmo o desengano sentimental.
As mais célebres poesias bucólicas são as éclogas de Vergílio, poemas pastoris pequenos, em número de dez, que na maioria das vezes apresentam a forma de díálogo entre pastores, ou mesmo solilóquio. Foram compostas entre 42 e 37 a.C.
O Renascimento, movimento de redescoberta e revalorização da antiguidade clássica, surgido na região italiana da Toscana, no século XIV, reviveu o gosto pela écloga. Até em Portugal encontram-se as seguintes famosas éclogas de Bernardim Ribeiro, em número de cinco: 1. Pérsio e Fauno; 2. Jano e Franco; 3. Silvestre e Amador; 4. Jano; 5. Ribeiro e Agrestes.
Camões, célebre poeta português, nascido em 1524 e falecido em 1580, também produziu poesias bucólicas, todas elas repassadas de lirismo e cheias de estilo apurado, mas sem nenhuma afetação clássica.
No Brasil, o verdadeiro poeta bucólico foi Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu, versos feitos para sua amada. Na verdade, os dons reais de impressão e invenção de Antônio Gonzaga foram um tanto prejudicados pelo seu estilo arcádico, explicitamente visível nos versos, porém, diz Oiticica, mau grado a roupagem, sente-se ainda o poeta. Nas suas poesias há pastores e ovelhas convencionais, mas Marília, a sua Marília, soube inspirar surtos vibrantes. Ao que parece, foi o último bucólico apreciável do Brasil.
Paulo Barbosa
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