terça-feira, 22 de junho de 2021

LITERATURA, ARTE DE EXPRESSAR O BELO - 02

 A LITERATURA sendo o veículo de manifestação do belo através da palavra escrita ou falada deve, para cumprir seu fim - expressar o belo - obedecer alguns requisitos. Concorrem, portanto, para a manifestação da beleza na arte literária os seguintes elementos:

1. As frases ou orações devem ser medianas, ou seja, o escritor ou orador não deve produzir grandes e intricados períodos como faziam os clássicos nem se resumir a frases curtas e enfadonhas como é do feitio dos modernistas. Hipotaxe e parataxe devem se equilibrar. 

2. O emprego de palavras apropriadas, precisas. A expressão literária exige precisão, palavras precisas, que indicam o que é necessário em uma coisa prescindindo de todo supérfluo. Precisão vocabular é uma operação intelectual que consiste em considerar um objeto em si mesmo, sem considerar o que a ele está unido ou o que com ele está relacionado. Ser preciso, portanto, é cortar tudo o que é estranho ao assunto de que se trata, é saber escolher o termo que melhor determina o objeto, o circunscreve, o corta e o separa de outros com que poderia se confundir.

3. O uso da simplicidade, a saber, a fuga do preciosismo, vício de linguagem que obscurece e dificulta a manifestação do pensamento pelo emprego de palavras, construções e expressões arcaicas ou esquisitas, inusitadas. A expressão literária deve ser simples no sentido de não haver pretensão ao complicado, ao complexo, ao requinte, à pompa e sofisticação. O literato deve se expressar com ausência de dificuldade para seu público, tornando, assim, fácil a comunicação. Deve-se ser simples sem ser simplista.

4. O emprego de palavras elevadas também denominado a fuga da trivialidade. O literato, o orador, o preletor em sua produção não deve empregar pensamentos e palavras triviais, aqueles que são comuns e fazem parte do repertório dos homens ignorantes, das classes desprovidas intelectualmente. Trivial é tudo o que é reproduzido 'ad nauseam' por indivíduos ignorantes, ideológicos, sectários e defensores de causas deletérias do bem, da verdade e da beleza a ponto de enfastiar, incomodar, aborrecer pela força da repetição. Exemplos de trivialidades em nossos dias temos aos montes tais como os termos 'fascista', 'nazista', 'genocida' usados pela chusma sem ao menos saber a etimologia quanto mais o sentido conceitual próprio de cada palavra.

5. O uso variado das figuras sintáticas que trazem expressividade ao período mediante a sua modificação graciosa, a interferência na sua estrutura. Esse recurso evita a repetição dos mesmos termos, dos mesmos circunlóquios, e isso dá sabor e colorido ao texto ou discurso. Daí a necessidade de estudar e ler bons escritores de nossa língua para alimentar a produção do belo através da palavra, ou seja, para produzir literatura.

As figuras sintáticas ou de construção são: Elipse, Zeugma, Hipérbato, Silepse, Assíndeto, Polissíndeto, Anáfora, Anacoluto e Pleonasmo.

Paulo Barbosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário