terça-feira, 28 de setembro de 2021

GÊNERO HISTÓRICO NO BRASIL

O GÊNERO HISTÓRICO NO BRASIL, indubitavelmente e sem contestação, tem por máxima figura Francisco Adolfo de Varnhargen, Visconde de Porto Seguro (1816-1878), autor da História Geral do Brasil, em dois volumes, publicada entre 1854 e 1857. Mesmo ultrapassada em alguns aspectos, continua essa obra magna até hoje como referência para nossa historiografia, o que lhe valeu, merecidamente, o apelido de "Heródoto brasileiro".

Roberto Southey (1774-1843), antes porém de Varnhargen, publicou uma História do Brasil com verdadeiro espírito crítico e documentação segura, sendo inglês, viajando por Portugal e Espanha para pesquisar, porém sem nunca ter pisado no Brasil. Rocha Pombo, advogado, historiador e político brasileiro, traça o seguinte paralelo entre ambos:

"Southey e Varnhagen são as figuras culminantes de toda a nossa historiografia. O historiador inglês que é representativo na própria literatura de seu país, é um historiador de raça. Pela consciência com que apanha a síntese dos fatos, pelo espírito de justiça com que julga os homens, e, além disso, pela espontaneidade e brilho da narrativa, é incontestavelmente quem melhor até hoje escreveu a nossa história. Mas Roberto Southey tem grandes lacunas. Conhecendo o Brasil só pelos documentos dos arquivos, dir-se-ia que teve que ceder à contingência de só tratar dos fatos para que dispunha de suficientes informações... Varnhagen é integral. Há de ser bem difícil, e pouco provável que se descubram nos três séculos da colônia, fatos que não estejam no seu contexto. Depois, é, pode-se dizer, o legítimo criador da nossa história, tanto pelo culto que a ela rendeu em toda a sua vida, como pela inestimável soma de serviços que prestou, a quantos queiram no futuro completar-lhe a obra pela amplitude".

Capistrano de Abreu (1853-1927), renomado historiador brasileiro, cuja obra se caracteriza por consulta rigorosa das fontes e por uma visão crítica dos fatos históricos. Dentre suas várias produções, escreveu O Descobrimento do Brasil (1883), Capítulos de História Colonial (1907), Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil (1930). Jonathas Serrano, historiador e pedagogo brasileiro, assevera:

"Depois de Varnhagen, embora seja possível citar muitos nomes - alguns realmente notáveis (Joaquim Nabuco, Eduardo Prado, Euclides da Cunha, Rio Branco, Oliveira Lima), nenhum pode competir com o nosso Capistrano de Abreu.

Do que nos legou, tudo é digno de apreço, e revelador de um conhecimento de história pátria às raias do inverossímil. Num estilo pessoal, conciso, às vezes como apressado, mas sempre correto, e não raro, de elegância distinta, Capistrano de Abreu expunha o fruto de suas pesquisas e de sua crítica penetrante com uma riqueza de informação bibliográfica de fazer pasmar".

Paulo Barbosa

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