sexta-feira, 17 de junho de 2011

ELEGIA: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA POR ISIDORO DE SEVILHA


A ELEGIA é, entre os antigos gregos e romanos, qualquer verso escrito em dístico elegíaco, sem enfoque direto para temas lúgubres. Cobria uma vastidão de assuntos, dentre os quais os tristes, como os epitáfios sepulcrais. Com o passar do tempo, porém, tal espécie de poesia foi se especializando em designar toda reflexão que verse sobre a morte, a infelicidade humana, os dissabores da vida. 

A elegia greco-latina era composta de um dístico onde o primeiro verso era um hexâmetro e o segundo um pentâmetro. Os maiores poetas elegíacos de Roma foram Tibulo, Propércio e Ovídio, cantadores do amor por meio do metro elegíaco.

Vejamos uma elegia de Propércio dirigida a seu amigo Pôntico:

Dum tibi Cadmeae dicuntur, Pontice, Thebae
armaque fraternae tristia militiae,
atque, ita sim felix, primo contendis Homero
(sint modo fata tuis mollia carminibus),
nos, ut consuemus, nostros agitamus amores, 
atque aliquid duram quaerimus in dominam.

Enquanto, ó Pôntico, tu celebras Tebas de Cadmo
e as terríveis armas da milícia do irmão,
e competes com o distinto Homero, assim seja eu feliz,
(contanto que o destino seja favorável a teus versos),
eu, como me habituei, ocupo-me com meus amores,
e procuro algo contra uma cruel amante.

Isidoro de Sevilha, sábio do século VII d.C., autor de uma enciclopédia intitulada Etimologias, ao tratar do metro elegíaco, diz:

"Elegiacus autem dictus eo, quod modulatio eiusdem carminis conveniat miseris. Terentianus hos elegos dicere solet, quod clausula talis tristibus, ut tradunt, aptior esset modis. Hic autem vix omnino constat a quo sit inventus, nisi quia apud nos Ennius eum prior usus est. Nam apud Graecos sic adhuc lis grammaticorum pendet, ut sub iudice res relegata sit. Nam quidem eorum Colophonium quendam, quidam Archilochum autorem atque inventorem volunt" (Etymologiarum I, 39).

"O (metro) elegíaco recebeu este nome porque modulação deste verso se adapta à tristeza. Terenciano costuma chamar estes (versos) 'elegíacos' porque, como dizem, tal cláusula é a mais apta para os cantos tristes. De quem seja o invento (do elegíaco) é difícil de se resolver, exceto que junto de nós (Romanos) foi Ênio quem o usou primeiro. Junto aos gregos até agora o debate continua junto aos gramáticos, de maneira que a questão ainda está sob debate. Alguns deles defende que o autor e inventor foi um certo Colofônio, enquanto para outros foi Arquíloco".

Paulo Barbosa.

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