Conversando com Amós, professor de Latim da UERJ, disse-me que certa vez um aluno embaraçou-se quando em seu texto apareceu a palavra FARI, não sabendo do que se tratava. Pois bem, surgiu-me a ideia, então, de esclarecer aqui o que é tal palavrinha com alguns exemplos em Cícero e em dois vocábulos bastante conhecidos nossos.
FARI é o infinitivo presente de FOR, FARIS, FATUS SUM, um verbo latino semidepoente e raro, que significa FALAR, DIZER, EXPLICAR, POSSUIR O USO DA FALA.
Em Cícero há alguns exemplos de uso do verbo, como nos que seguem:
FARI AD ALIQUEM = FALAR COM ALGUÉM
FABITUR HOC ALIQUIS = ISTO DIRÁ ALGUÉM
Usa-se quase com exclusividade em algumas expressões como NEFANDO, cujo significado é abominável, aquilo que não deve ser dito. O fando aí é o gerúndio ablativo de fari e significa isoladamente falando. Também em INFANTE, criança que ainda não fala, tem-se a presença do particípio presente fans = o que fala, falante, antecedido do prefixo negativo ne = não.
Mais usados que fari são seus compostos:
AFFARI, AFFATUR, AFFATUS SUM = DIRIGIR A PALAVRA
PRAEFARI, PRAEFAMUR, PRAEFATUS SUM = DIZER ANTES
EFFARI, ECFARI = DECLARAR, DIZER
Em Cícero encontramos:
AFFARI NOMINE = CHAMAR PELO NOME
HONOREM PRAEFARI = PEDIR VÊNIA, PERDÃO, DESCULPAR-SE, ESCUSAR-SE
EFFARI TEMPLUM = CONSAGRAR, PURIFICAR UM TEMPLO
PRAEFABANTUR (Div. 1, 45, 102)
ECFATA (Leg., 2, 8, 20)
EFFATA (Leg., 2, 8, 21)
EFFABIMUR (Ac., 2, 30, 97)
Paulo Barbosa.
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